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Minas Gerais - 17 de março de 2015

Vale do Jequitinhonha. Suzano destrói estradas, oprime quilombolas e promove miséria.

 

Na manhã desta segunda-feira, 16 de março, manifestantes bloquearam totalmente o tráfego de veículos na BR-367, em Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha. Segundo participantes do protesto, a interdição da rodovia foi uma forma encontrada para chamar a atenção das autoridades para a situação precária em que se encontra a o trecho entre Virgem da Lapa e Araçuaí. Este trecho encontra-se em estado precário, devido ao tráfego das carretas de eucalipto da Suzano.

manifesto virgem da lapa1

De acordo com o vereador Marcio Neuler Monteiro (PSD) de Virgem da Lapa, dezenas de caminhões carregados de eucalipto, a serviço da Suzano, trafegam diariamente pelo trecho causando danos à estrada. “Já que não contamos com o asfalto, que tenha pelo menos uma estrada em boas condições de tráfego. A população está acordando e hoje é uma data histórica. Estamos cansados de apanhar calados”, afirma o vereador.

video produzido na comunidade quilombola de vassouras, assista:

Com a necessidade de manutenção da produção e a busca pela liderança mundial na produção de papel e celulose, a Suzano Implantou no Vale do Jequitinhonha um grande projeto de floresta artificial, abrangendo diversas cidades, onde Extensas áreas foram substituídas por monocultivos de eucalipto, ao ponto de a região ser considerada, atualmente, um dos maiores maciços de eucalipto da América Latina. Milhares de ha de floresta contínua, ignorando as formas de ocupação e uso do território pelas comunidades camponesas e, levando à expropriação das famílias. Além de todos os impactos ambientais desse projeto (supressão da biodiversidade, rebaixamento do lençol freático, contaminação por agrotóxicos, etc.). Um deserto verde.

Há muito tempo a Suzano Papel e Celulose vêm explorando a área para plantio de eucalipto, tais áreas há centenas de anos já eram utilizadas por comunidades quilombolas do município de Virgem da Lapa, no Vale do Jequitinhonha (MG). Os empreendimentos chegaram com sua se apropriando dos territórios das comunidades e, consequentemente, tomado suas terras, principalmente, as chapadas de uso comum, desestruturando as condições materiais e imateriais de existência das comunidades tradicionais e/ou reestruturando-as a partir de outros “valores” trazidos pelos empreendedores, que negam a identidade cultural destes povos.

Há que se ter em conta que quilombolas, indígenas, comunidades tradicionais agroextrativistas e ribeirinhas vivem em interação com os diferentes biomas/ ambientes há séculos e, sendo assim, conformam a gênese das paisagens do Vale do Jequitinhonha, um legado de gerações. Essas áreas foram historicamente ocupadas em regime comunal pelas comunidades tradicionais camponesas que ali praticam a solta de gado e o agro extrativismo de frutos nativos e plantas medicinais. a região ser considerada, atualmente, o maior maciço de eucalipto da América Latina. Empresas receberam terras públicas em regime de comodato; proprietários locais foram pressionados a vender suas terras; e, sobretudo, posseiros foram expulsos e/ou empurrados para os vales e grotas.

 

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