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Economia - 29 de janeiro de 2019

Vale derrete no mercado e custo da tragédia deve subir com ações contra a empresa

Já se esperava que o mercado financeiro viesse a castigar a Vale depois do rompimento da barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), que matou ao menos 65 pessoas. A expectativa se confirmou e as ações da empresa derreteram 24% nesta segunda-feira, perdendo cerca de 70 bilhões de reais do valor acionário. Foi a reação imediata enquanto a comoção com o acidente tomou o mundo, e diante do risco de que os quase 280 desaparecidos aumentem drasticamente o número de óbitos. Brumadinho ultrapassou, e em muito, o tamanho da tragédia protagonizada pela Vale três anos atrás em Mariana, quando 19 pessoas morreram vítimas do rompimento da barragem da mina do Fundão.

Para além da associação do seu nome à dor e sofrimento das famílias de seus empregados — ganhou a alcunha de ‘Vale da morte’ depois da tragédia — a mineradora começa a mergulhar num inferno entre investidores. A companhia que faturou 34 bilhões de dólares em 2017 perdeu a confiança das agências de risco. A Fitch foi a primeira a rebaixar a sua nota e a Standard & Poors, de BBB+ para BBB-, pode seguir na mesma linha. Em comunicado ao mercado, a S&P anunciou que a nota de risco da mineradora está em CreditWatch (observação) com implicações negativas, uma tendência que pode acabar no rebaixamento da nota atual da empresa em “vários degraus dependendo do impacto gerado pelo acidente”, diz a agência em comunicado.

A empresa já foi multada em 250 milhões de reais pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente0 e teve 11 bilhões de reais retidos pela Justiça de Minas Gerais. Além disso, está sob a pressão da Procuradoria Geral da República que anunciou que vai apurar a “cadeia de responsabilidades” para o rompimento da barragem de Brumadinho. Até o presidente em exercício, Hamilton Mourão, chegou a falar na ideia de afastar a diretoria da Vale. O advogado da empresa, Sergio Bermudes, chegou a dizer que a empresa não tinha responsabilidades pelo acidente e que a Vale contestaria a retenção de recursos na Justiça. Mas a empresa se manifestou na sequência dizendo que ninguém poderia falar por ela.

O inferno da Vale chega justamente quando a empresa parecia ter virado a página de Mariana, ao menos entre investidores. As ações da empresa já haviam subido 500% desde o rompimento da barreira do Fundão, em 2015, até a última sexta-feira antes do acidente. O economista André Perfeito, da corretora Necton, avalia que o desafio da mineradora a partir de agora vai depender da postura do novo Governo. “ O que pode virar um problema é uma questão institucional em torno do acidente. Como o novo Governo vai reagir? Parece que não serão muito duros com a empresa”, sugere Perfeito. Agostini, da Austin Ratings, lembra que o colapso de Brumadinho é uma péssima notícia para a economia como um todo. “É um banho de água fria para o novo Governo”, pondera.
Noticia10/elpais

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