Teófilo Otoni: com apoio da prefeitura, presos trabalham e modelo adotado pela unidade vira referência nacional.
Os uniformes vermelhos utilizados por detentos em todo o Estado de Minas Gerais têm sua origem no próprio sistema prisional: as roupas são produzidas por presos em fábricas instaladas dentro de dez unidades. Além de ser uma ferramenta de ressocialização, ao garantir trabalho aos internos, a iniciativa também gera economia aos cofres públicos, pois evita a aquisição externa das roupas.
A oficina da penitenciária existe desde 1995 e é a mais antiga confecção para usufruto do Estado. O espaço funciona em uma antiga fazenda, inaugurada em 1984 nos moldes de uma colônia agrícola. A ideia da produção das roupas partiu de um servidor que é alfaiate. Na época, não existiam uniformes para presos, o que causava certo transtorno, já que dificultava a identificação deles. “O uniforme padroniza e cria uma identidade quando todos estão iguais”, diz o policial penal por trás do projeto, Vicente de Paula Rosa da Silva.
Silva conta que, quando começou a trabalhar na unidade prisional, viu essa necessidade. Ele conversou com o diretor, explicando que, com material e máquinas, seria possível criar uma fábrica, sendo que ele próprio ensinaria os presos a costurar. “O secretário da época autorizou a compra de maquinário e mais de 500 metros de pano azul royal. Fizemos uniforme para todos os presos e mandamos as fotos para a Secretaria de Segurança, que gostou da ideia e ordenou que a produção se expandisse para todo o Estado”, lembra.
“O trabalho, em qualquer área, é uma terapia ocupacional para quem gosta. As pessoas mudam sistematicamente, e essa mudança é perceptível pela expressão facial do recluso”, afirma Vicente. “Costumo dizer que todos nós somos produtos do meio em que vivemos, e grande parte dos sentenciados não tiveram sequer uma oportunidade. Por isso a importância dessa produção. Temos uma chance valiosa para mostrá-los o outro lado da moeda”, avalia.
No terreno da Penitenciária de Teófilo Otoni há também um pomar e um curral, onde 12 presos trabalham, e uma fábrica de bloquetes do lado externo, com dez detentos envolvidos na atividade. Dentro da unidade, 31 presos trabalham na horta e no jardim; outros 47 estão divididos em limpeza, entrega de marmitas, barbearia, reciclagem, manutenção, entre outros serviços gerais; 57 fazem artesanatos na cela e cinco trabalham na cozinha. Uma escola estadual também está instalada, com 151 alunos inscritos.
ascom
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