Solidão: A Nova Epidemia que Afeta Líderes e Gestores
A solidão, frequentemente associada ao envelhecimento, está se tornando uma realidade preocupante entre líderes e gestores. Segundo a neuropsicóloga e professora do Insper, Luciana Lima, a posição de liderança, vista como glamourosa e prestigiosa, vem com um custo alto: a solidão. “Existe muito glamour em torno do papel do líder, por conta do status. No entanto, cada vez menos essa posição é desejada, pois o custo é a solidão, que pode ser bem alto, porque somos seres sociais por natureza biológica,” afirma Lima.
A solidão dos líderes é exacerbada pela competição por recursos no ambiente organizacional. “A posição de gestor é solitária porque você está no mesmo ambiente organizacional onde há recursos limitados. Os gestores acabam competindo por esses recursos, o que cria um ambiente naturalmente competitivo e agrava a solidão dos líderes”, comenta a especialista. Essa dinâmica cria um ambiente onde líderes sentem-se isolados, aumentando a pressão e o estresse associados às suas funções.
Estudos confirmam essa realidade. Uma pesquisa do Harvard Business Review revelou que mais de 70% dos novos CEOs relatam sentimentos de solidão. Esse fenômeno não se restringe aos níveis mais altos de liderança; líderes de todos os níveis frequentemente experimentam isolamento devido às suas responsabilidades e à natureza de suas posições. “Essa pesquisa mostra que a solidão é um fenômeno que afeta de maneira significativa líderes e gestores, com repercussões diretas em sua saúde emocional e desempenho no trabalho”, alerta Lima.
Outro estudo da Wharton School destaca que a solidão no local de trabalho pode reduzir o comprometimento emocional dos gestores com a organização, afetando negativamente seu desempenho. A pesquisa também revela que colegas de trabalho tendem a perceber líderes solitários como distantes e menos acessíveis, o que reduz interações informais e úteis, exacerbando o sentimento de isolamento.
“A solidão entre líderes não é apenas um problema individual, mas afeta toda a dinâmica organizacional. Quando os gestores se sentem isolados, isso pode impactar suas habilidades de liderança e a cultura da empresa, criando um ambiente de trabalho menos coeso e colaborativo”, explica Lima. Ela conclui que é essencial prover suporte emocional e criar um ambiente de trabalho que promova a conexão social para mitigar os efeitos negativos da solidão e melhorar o bem-estar e a produtividade dos líderes.
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