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Espírito Santo - 30 de novembro de 2016

São Mateus: deputados discutes trabalho de cooperativa de quilombolas

 

Gerar renda e fortalecer a identidade. Essas são lutas da Cooperativa São Domingos, que participou da reunião da Comissão do Cooperativismo nesta terça-feira (29). Criada em 2014, o grupo é a primeira cooperativa de comunidade quilombola no Brasil e, atualmente, presta serviço para uma grande empresa. A Cooperativa dos Trabalhadores Rurais e Agrícolas da Comunidade Quilombola do Córrego de São Domingos fica em São Mateus e é formada por 26 cooperados, a maior parte homens que estudaram até a 8ª série. Apesar de um número pequeno de cooperados, o trabalho do grupo tem grande impacto na comunidade.

Atualmente, eles desenvolvem trabalhos rurais e prestam serviço para a empresa Fibria. Entre os serviços desenvolvidos estão roçada manual, controle de formigas, restauração de áreas nativas, plantio de eucalipto e manutenção de viveiro. A cooperativa contou com uma doação inicial da empresa no valor de R$ 71 mil. O recurso foi destinado para a compra de máquinas, equipamentos de proteção, móveis, veículo, entre outros investimentos. A prestação de serviço para a Fibria começou em 2014 com um veículo locado. Atualmente, a cooperativa já tem frota própria.

De acordo com o diretor administrativo da cooperativa, Valdete Jerônimo, a situação social da comunidade foi transformada com a atuação do grupo. “Antes das atividades, tínhamos uma situação de trabalho degradante, baixíssima remuneração, alto índice de endividamento, falta de perspectiva e descrença da própria comunidade. Hoje, a comunidade tem interesse em participar porque estão vendo a mudança acontecendo”, explicou.  O trabalho também é acompanhado pela própria Fibria. O consultor Ildeu Linhares, contratado pela empresa, também participou da reunião. “A cooperativa pensa em toda a comunidade quilombola e hoje a comunidade acredita nesse sistema. Eles são exemplo para os filhos”, afirmou.

O grupo conta com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB/ES), que acompanha os procedimentos e a contabilidade, além de oferecer cursos e palestras. Com esse trabalho já estabelecido, o foco é desenvolver projetos para melhorar a renda e fortalecer o papel das mulheres quilombolas. Além de um centro de formação voltado para esse público, a cooperativa vai montar, com o apoio da Fibria, um “hortão”, para cultivo de alimentos orgânicos em uma área de 1,5 hectares. O grupo também tem projetos na área de educação. Para aumentar a escolarização, a ideia é oportunizar o retorno às salas de aula por meio do “Educação para Jovens e Adultos” da Secretaria Estadual de Educação. Outra frente de trabalho é uma unidade de produção de farinha e bijú, produções típicas da comunidade.

O analista de monitoramento da OCB, Creiciano Paiva, reforçou a importância da autonomia. “Nós damos todo o apoio para a cooperativa, mas ela é independente e tem que ser. Só assim, com autonomia, ela vai representar, de fato, os interesses e da comunidade. Nós somos coadjuvantes no processo”, afirmou.  O presidente do colegiado, deputado Marcos Mansur, destacou que o trabalho da comunidade é um exemplo para o Espírito Santo. “É um cooperativa ainda muito jovem e emociona ver como esse sistema faz sentido e muda a vida de uma comunidade simples. É importante dizer que vocês decidiram mudar e escrever uma nova história para a comunidade”, elogiou.

Noticia10/Gabriela Zorzal/Web Ales

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