Ronaldinho Gaúcho, o embaixador do turismo que não pode sair do país
Ele ficou conhecido pelos dribles desconcertantes que rodaram o planeta no auge da carreira pelo Barcelona e a seleção brasileira. Mas, depois de pendurar as chuteiras, Ronaldinho Gaúcho tem tido dificuldades para driblar as autoridades brasileiras, que determinaram a retenção de seu passaporte devido a um entrave na Justiça. Ele e seu irmão, Roberto de Assis Moreira, foram condenados a pagar multas que somam quase 10 milhões de reais por construções irregulares em áreas de preservação ambiental às margens do lago Guaíba, em Porto Alegre. Embora impedido de viajar para fora do país, o ex-jogador recebeu, na semana passada, o título de embaixador do turismo brasileiro.
A função é voluntária, não prevê remuneração e faz parte de um programa da Embratur em que personalidades exercem o papel de embaixadoras de atrações turísticas do Brasil. De acordo com o presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, o plano inicial é explorar o alcance das redes sociais do ex-craque, que acumulam mais de 100 milhões de seguidores. Na terça-feira, ele postou um vídeo promocional ressaltando que, entre outros atributos, o Brasil é o país do futebol e do Carnaval. A Embratur ainda estuda a possibilidade de Ronaldinho estrelar um reality show com turistas que desejam conhecer o país.
Por causa da condenação judicial, a escolha do astro para integrar o time de embaixadores gerou ruídos no Ministério do Turismo. Questionado sobre os critérios de seleção, um integrante da pasta conta que a nomeação de Ronaldinho virou piada entre os funcionários que se opuseram à sua indicação ao programa.
Segundo a Embratur, o cargo de embaixador do turismo é “honorário e simbólico”, sem implicações com os problemas de Ronaldinho na Justiça. Na cerimônia em que foi nomeado, o pentacampeão mundial comemorou a convocação para o novo desafio. “Espero poder ajudar, em todo lugar do mundo onde eu passe, a mostrar esse nosso país tão bonito por natureza, convidando o mundo todo a vir pra cá. É motivo de muito orgulho”, disse Ronaldinho, que também é embaixador internacional do Barcelona. Já seus advogados esperam que a função diplomática informal contribua para convencer autoridades a liberar o ex-atleta para viagens ao exterior, além de angariar apoio do Governo para pressionar Poder Judiciário. Em maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou recurso que pedia a devolução dos passaportes.
Ronaldinho e Assis foram condenados na ação em 2015. Após seguidas tentativas de cobrar o pagamento de multas e indenização, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou a apreensão dos passaportes no fim do ano passado, mas os irmãos ignoraram as intimações. Ao se contrapor a um habeas corpus pela revisão da pena, o Ministério Público Federal apontou que os réus ridicularizavam a Justiça e a sociedade. Pouco mais de um mês depois da ordem judicial, em dezembro de 2018, eles entregaram os passaportes e, desde então, Ronaldinho deixou de cumprir sua intensa agenda de compromissos comerciais no exterior. Cobrado por patrocinadores, o ex-jogador aposta em mais uma investida no STF para retomar a rotina de viagens, agora também com a justificativa de cumprir a função como embaixador do turismo.
noticia10/elpais
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