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Entretenimento - 27 de novembro de 2014

Rodado no Vietnã, curta de paulista pré-candidato ao Oscar pode virar longa

 

Primeira coprodução Brasil-Vietnã e pré-candidato ao Oscar, o curta-metragem “O Caminhão de Meu Pai”, do diretor paulista Mauricio Osaki, pode dar origem a um longa. Segundo o cineasta, existe um projeto para isso.

“Estamos tentando entrar nos editais de desenvolvimento no Brasil, mas  é uma logística difícil”, contou o diretor, por telefone, direto da China, onde se prepara para filmar seu trabalho de conclusão do curso de cinema na Universidade de Nova York.

Se a notícia da pré-indicação ao Oscar pode ajudar Osaki a acelerar a produção do longa-metragem, ele diz que ainda é cedo para dizer. Curtas-metragens que viram longas, no entanto, não são novidade do Brasil.

De Daniel Ribeiro, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, que concorre a uma vaga na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar 2015, nasceu como o curta “Eu Não Quero Voltar Sozinho”, de 2010.

Traços brasileiros

À primeira vista, “O Caminhão do Meu Pai”, que foi rodado em Hanói, capital do Vietnã, com atores locais, tem pouco de Brasil. No entanto, um olhar mais atento garante que o filme possui, sim, alguns traços tupiniquins.

“O diretor de fotografia [Pierre de Kerchove] e a assistente de direção [Flávia Guerra] são brasileiros, assim como eu. Há colegas da universidade na equipe também, e os atores são vietnamitas. Essa miscigenação da equipe é uma característica bem brasileira”, diz Osaki.

Engana-se também quem pensa que as paisagens asiáticas não têm nada a ver com as brasileiras. Apesar de ter nascido em São Caetano, no ABC paulista, o diretor passou a infância no interior dos Estados do Pará, de Goiás e do Amapá. “Meu pai é engenheiro, e ficávamos mudando de cidade a cada novo projeto.”

Quando chegou ao Vietnã para rodar o filme, em janeiro de 2012, as ruas de terra e os restaurantes à beira da estrada que encontrou reacenderam a memória de infância do cineasta. “O Brasil é muitos países em um só, mas nos dois lugares existe essa coisa árida e muito viva ao mesmo tempo, onde as pessoas são por elas mesmas. Minha mãe fervia a água para podermos beber, tirava aranhas da casa. Eu cresci nesse ambiente.”

A trama

O curta –no qual todos os personagens têm os mesmos nomes dos atores– conta a história de Mai Vy, uma garota de dez anos que passa a odiar os meninos da escola após uma perseguição que termina mal. Ela pede para passar o dia com o pai, que transporta agricultores pelas plantações, mas acaba descobrindo que, além disso, ele também leva cães para um abatedouro.

Quando esteve em São Paulo para apresentar o filme no Festival de Curtas Kinoforum, em agosto deste ano, Osaki pensou que a violência contra os animais pudesse ser um problema para os espectadores, “mas as pessoas entendem que é essencialmente sobre a relação complexa de pai e filha. Existe um amor duro ali, mas há amor”.

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