Premiado “De Menor” retrata sem maniqueísmos situação de menores infratores
Em De Menor, a jovem advogada Helena (Rita Batata) é defensora pública de menores infratores e vive com Caio (Giovanni Gallo), seu irmão caçula. Órfãos, os dois têm um relacionamento de muita cumplicidade, até o dia em que o rapaz comete um delito e torna-se réu na Vara da Infância e Juventude de Santos, local de trabalho de Helena. Divulgação
Uma série de dúvidas e inseguranças marca a adolescência e a torna um período difícil para quem a vive. Isso se torna visível quando o jovem faz algo de errado e/ou ilícito: todos perguntam “como devemos puni-lo e fazer com que aprenda a lição?”.
Esse questionamento permanece durante toda a exibição —e continua depois— do longa “De Menor” (2013), ganhador do prêmio de melhor filme no Festival do Rio no ano passado e que, após circular muito bem em outros festivais, estreia comercialmente nesta quinta (4).
Trata-se do primeiro trabalho em direção de longas de Caru Alves de Souza, filha de Tata Amaral, que demonstra ter herdado o talento da mãe, mas se afasta de qualquer possibilidade de ficar sob a sua sombra ao apresentar uma obra tão contundente, logo de cara. A diretora, que acredita que “o cinema tem de enfrentar questões mais urgentes”, usou a experiência pessoal da sua prima na Defensoria Pública, em Santos, para poder falar de um tema que a instigava: a situação de abandono de crianças e adolescentes, seja no âmbito familiar ou na esfera governamental, e as consequências disso.
A história acompanha, pacientemente, Helena (Rita Batata), apresentando-a aos poucos para o público. No início, o espectador pode até achar que a personagem é a “de menor” do título, devida a aparente jovialidade de sua intérprete. Também é provável que fique que em dúvida sobre a relação dela com o adolescente Caio (Giovanni Gallo), porque só depois de sugestões de algum envolvimento incestuoso entre eles é que se revela a natureza de tamanho envolvimento e apego de um ao outro: os dois ficaram órfãos.
Tudo isso se descobre nas sutilezas do roteiro de Caru e Fabio Meira, onde tudo ocorre de forma gradual. Da mesma maneira, é com calma que o texto entrega o fato de Helena ser uma defensora pública atuante no Juizado de Menores de Santos, onde tenta propor soluções melhores para os jovens que lá adentram, apesar das condições adversas.
Por isso, ao pensar sobre a indefinição de órgãos oficiais sobre a idade em que ocorre o fim da adolescência, não é difícil compreender que a protagonista, embora não seja menor de idade, ainda tem as mesmas inseguranças de uma adolescente. A maturidade que mostra em sua vida profissional é esvaziada quando ela se encontra em casa.
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