Ponto dos Volantes: Cerâmica do Vale do Jequitinhonha recebe apoio do Governo do estado
A artista plástica e ceramista Andreia Pereira de Andrade, 33, começou a tomar gosto pelo ofício logo cedo, aos 12 anos de idade. Ela se encantava ao ver a avó, Dona Izabel, e a mãe, Glória, darem forma à argila. E é nas mãos dessas mulheres que o barro reproduz cenas do cotidiano da região de Ponto dos Volantes, Território Médio e Baixo Jequitinhonha. “Guardo com carinho os ensinamentos da minha avó, especialmente o jeito de reproduzir em detalhes, o feminino regional nas bonecas, nas formas da mulher, nas roupas rendadas e nos laços de fita”, relembra a neta. As bonecas de Dona Izabel, especialmente, ficaram famosas pelo mundo representando a arte do local.
O trabalho da artesã Aneli de Souza Brandão também tem um pouco de Dona Izabel. “Eu aprendi com ela a fazer as bonecas, as feições. E por causa delas me orgulho de ser mulher, de ser do Vale do Jequitinhonha. É daqui que nós tiramos nossa força, sustento, identidade. Sem isto, somos menos que podemos” comenta emocionada.
Glória Mendes, filha de Dona Izabel conta que a preservação desta arte sempre foi preocupação para a mãe. “Quando ela estava no hospital, pediu para que o trabalho não fosse interrompido. Eu prometi que nunca iria parar, somente quando Deus me levar”, conta Mendes. Hoje, ela e a filha Andreia Pereira lutam para que o legado deixado por Dona Izabel continue gerando trabalho e renda para muitas mulheres artesãs da região.
História de Dona Izabel
Artesã mineira, falecida em 2014 aos 90 anos, Dona Izabel usava o barro para sustentar seus quatro filhos após ficar viúva. Suas bonecas fomentaram a economia e identidade locais, ganharam o mundo e foram reconhecidas por diversos prêmios como o Unesco de Artesanato para a América Latina (2004), a Ordem do Mérito Cultural (concedida pelo Ministério da Cultura em 2005) e o Prêmio Culturas Populares (Ministério da Cultura, em 2009). Dentro da lógica do desenvolvimento regional, o Governo de Minas Gerais reconhece a importância da cerâmica do Jequitinhonha para a cultura e economia mineira e investe no nesse tipo de trabalho com diversas ações.
No início do mês de outubro, por exemplo, uma equipe do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Integrado e Fóruns Regionais (Sedif), acompanhada do antropólogo e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ricardo Lima, esteve na comunidade de Santana do Araçuaí. O objetivo foi selecionar mais de 2.000 peças de aproximadamente 30 artesãos, sendo alguns discípulos de Dona Izabel, que irão participar da exposição “Sobre Flores e Bonecas: a cerâmica do Jequitinhonha”, que homenageará Dona Izabel, em São Paulo. A exposição será entre os dias 22 de novembro e 23 de dezembro, na “A Casa – museu do objeto brasileiro” que fica na Avenida Pedroso de Morais, nº 1234, no bairro de Pinheiros, São Paulo.
“A intenção é fortalecer o trabalho do artesão mineiro, bem como criar oportunidades para promover a comercialização, já que a maior dificuldade é o escoamento da produção”, afirma o coordenador do programa, Ronaldo Lima.
Noticia10/agenciaminas
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