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Polícia - Segurança pública - 8 de dezembro de 2019

PCC lava dinheiro na Europa com restaurantes e lojas, diz polícia italiana

O Primeiro Comando da Capital (PCC) e a máfia italiana ‘Ndrangueta lavam dinheiro em seu comércio global de cocaína usando restaurantes e pequenos comércios no Brasil e na Europa. É o que o mostram pelo menos dez investigações da Guarda di Finanza da Itália nos últimos dez anos, informa o adido policial italiano em Brasília, o coronel Francesco Fallica. A facção criminosa brasileira praticamente monopoliza o tráfico de cocaína no Brasil, como mostrou o documentário “PCC – Primeiro Cartel da Capital”, do UOL Mov. A droga é exportada para a Europa, sendo recebida pela ‘Ndrangueta em portos na Holanda e na Bélgica.

Fallica afirmou ao UOL que o pagamento da máfia italiana para o PCC não acontece com o transporte do dinheiro vivo da Europa até os brasileiros. Em vez disso, os criminosos europeus abrem restaurantes, lojas e outros pequenos comércios no Brasil com capacidade para gerar muitos valores em espécie. Com a sobra lucrativa desses negócios é que o dinheiro da ‘Ndrangueta chega à facção brasileira.

E o policial afirma que o inverso também ocorre. Segundo Fallica, o PCC possui pequenos restaurantes e estabelecimentos comerciais locais na Europa para gerar dinheiro em espécie e poder quitar eventuais dívidas e transações com os mafiosos italianos. O policial não revelou onde e quais seriam esses mercados legais no Brasil e na Europa dominados pelas organizações criminosas para lavar o dinheiro do narcotráfico.

Segundo Fallica, a forma de pagamento da máfia italiana é usar negócios legais no Brasil. “Como o dinheiro chega aqui? O dinheiro não chega da Europa aqui”, contou o policial ao UOL. O dinheiro já está aqui. ‘Ndrangueta tem uma tradição de infiltração sobretudo nas lojas, lojinhas com muito dinheiro em espécie. Você tem um dinheiro na Europa. Pode ser que passe por um paraíso fiscal, passe para o outro lado. Para fazer um investimento, compra de entorpecente, a gente vai utilizando o dinheiro que já tem

Segundo ele, a operação de compensação se vale das sobras lucrativas dos negócios para financiar os crimes. “Nessa operação de compensação, por exemplo, você aqui no Brasil tem um restaurante italiano. E tem um dinheiro fácil que cai, R$ 100 mil por mês… Depois de tudo pago, tem um dinheiro que é lucro. E esse dinheiro você compra diretamente no lugar, no Paraguai, Uruguai, na Bolívia, muito entorpecente.”

Ouvidos, Especialistas em lavagem de dinheiro e facções criminosas no Brasil, da Polícia Federal, do Ministério da Justiça e das polícias de São Paulo, Paraná e Distrito Federal. Sob condição de anonimato, eles afirmaram que não possuem informações sobre a ação do PCC com pequenas empresas na Europa, embora monitorem a ação da facção em empresas brasileiras na região do Brás, capital paulista. No entanto, pelas investigações das quais participaram ou têm conhecimento, todos afirmaram que é totalmente plausível que a facção brasileira utilize negócios legais para fazer dinheiro na Europa e quitar compromissos com a ‘Ndrangueta. Um deles citou postos de gasolina e salões de beleza como exemplos.
Noticia10/uol

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