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Saúde - 4 de agosto de 2021

O uso do celular tem causado o aumento da solidão nos jovens

A pandemia representou uma carga extra nas emoções de crianças e adolescentes, agravadas principalmente pela mudança abrupta da rotina, pelo afastamento social dos colegas e pela presença mais próxima dos pais em seu dia a dia. A saúde mental dos mais novos, incluindo aqui a sensação de solidão, não se agravou apenas por causa da covid-19, ela já vinha dando sinais de piora há pelo menos uma década, período que coincide com um aumento importante da popularização de smartphones e de um tempo de uso de internet cada vez maior, sobretudo nas redes sociais.

O tema pode parecer repetitivo, mas uma nova análise, publicada pela equipe da psicóloga Jean Twenge, da Universidade Estadual de San Diego, no final de julho no periódico Journal of Adolescence, foi muito bem discutida em artigo da última semana do jornal The New York Times. O texto sugere que o uso maciço das tecnologias móveis é o principal suspeito nessa equação de escalonamento de adoecimento psíquico dos mais novos. Desde 2012, diversos trabalhos vêm apontando um aumento significativo de depressão, solidão, comportamento autoagressivo e suicídio entre os jovens. A geração Z (nascida a partir de 1996) tem enfrentado uma adolescência mais turbulenta do ponto de vista emocional que as gerações anteriores.

Navegar pelas redes produz reações intensas, que oscilam entre prazer e frustração, e essas emoções influenciam o modo como se consome tecnologia e os impactos na saúde mental. Esse efeito parece ser ainda mais cruel sobre as meninas e as garotas, que tendem a se comparar mais e a se cobrar cada vez mais. Mas além de apontar a relação que o uso de tecnologia tem na vida dos indivíduos, seria importante pensar como ela impacta os padrões de funcionamento e relacionamento do grupo, já que as interações sociais são hoje mediadas pelas plataformas digitais. Quem já viu um grupo de jovens juntos sabe que é cada vez menos olho no olho e mais olho nas telas.

Já que não é possível nem desejável um retorno no tempo, dados os incontáveis benefícios da tecnologia, seria importante discutir e trabalhar com os jovens, na escola e em casa, algumas “zonas livres” de celular (durante aulas e refeições, por exemplo), uma entrada mais tardia dos mais novos nas redes sociais e, principalmente, uma educação digital para o melhor uso das tecnologias e plataformas digitais, ajudando crianças e adolescentes a limitarem seu tempo de uso e a criarem filtros para identificar quando esses espaços podem estar prejudicando suas emoções e sua qualidade de vida.
Noticia10/ Journal of Adolescence

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