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Brasil - 15 de maio de 2019

O presente envenenado de Bolsonaro aos menores de idade no Brasil


Desde que chegou ao poder, há pouco mais de quatro meses, nenhuma outra categoria de pessoas foi mais favorecida pelos decretos de Jair Bolsonaro do que aquelas que se sentem atraídas pelas armas. Em seu último decreto, provavelmente inconstitucional, o presidente abriu as comportas para dar essa possibilidade a milhões de “menores de 18 anos “, para que possam ser treinados no uso de armas letais em clubes de tiro. Um presente envenenado que não sabemos que consequências pode acarretar em uma sociedade como a brasileira, cujos adolescentes vivem no fogo cruzado de uma violência que os alcança até nos bancos escolares.

O decreto permite que menores de 18 anos possam ir a clubes de tiro para treinar o uso de armas letais. Menores até que idade? Até 16 anos, 14, 12, 10 anos? Agora, os menores de idade podem trocar as academias de ginástica, centros esportivos ou institutos de idiomas pelos clubes onde treinarão para matar. O decreto exige que o menor tenha a permissão de um dos pais. Certamente será a de seus pais, pois duvido que as mães que os engendraram com amor e dor, estejam de acordo que as mãos de seus pequenos cheirem à pólvora tão cedo.

O Brasil não é um desses países em guerra, onde até crianças são treinadas para lutar contra os inimigos. Estamos em um país, claro, onde a violência institucional e do narcotráfico transborda, e os jovens são as mais numerosas vítimas dessa violência. Os mortos por balas perdidas, sobretudo no inferno das periferias pobres e violentas das grandes cidades, são as crianças quando brincam na rua, saem da escola ou se refugiam nos braços dos adultos. Algumas são atingidas por aquelas balas ainda no ventre das mães.

Armar crianças, introduzi-las nos ritos da morte antes mesmo de terem desfrutado da alegria de viver, em vez de protegê-las como nosso melhor futuro de paz, soa como blasfêmia e derrota de um Estado incapaz de proteger os inocentes. É verdade que o Brasil é um dos países com as maiores taxas de violência no continente e talvez no mundo. Querer, no entanto, preparar para a guerra até mesmo suas crianças, na flor das ilusões, é aceitar que o Brasil é um país perdido para a paz, no qual até as crianças devem se preparar para um futuro sombrio de violência, como uma fatalidade.
noticia10/elpais

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