Nova injeção semestral aponta eficácia quase total na prevenção do HIV

Um novo medicamento antirretroviral, o lenacapavir, demonstrou eficácia de quase 100% na prevenção do HIV em homens cis, pessoas trans e não-binárias, segundo um estudo conduzido pela farmacêutica Gilead em parceria com a Universidade Emory. A pesquisa, publicada no New England Journal of Medicine, aponta que duas injeções anuais do medicamento reduzem em 96% o risco de infecção, superando os índices das pílulas diárias de PrEP disponíveis atualmente, como o Truvada, usado no Brasil pelo SUS.

Durante os testes, realizados com mais de 3.000 participantes em 88 localidades, apenas duas pessoas que receberam o lenacapavir foram infectadas pelo HIV, enquanto o grupo que tomou Truvada registrou nove casos de infecção. Os participantes vinham de países como Brasil, Estados Unidos, África do Sul e Tailândia, incluindo populações desproporcionalmente afetadas pelo vírus, como homens gays cisgênero e comunidades negras e hispânicas.

Colleen Kelley, professora da Universidade Emory e autora principal do estudo, destacou o impacto do medicamento: “Ver altos níveis de eficácia em um remédio que só precisa ser tomado duas vezes ao ano é significativo para pessoas com dificuldades de acesso ou adesão ao uso diário de pílulas.” O lenacapavir também foi testado com mulheres cisgênero em Uganda e na África do Sul, onde nenhuma das participantes que recebeu a injeção contraiu o vírus, enquanto outros métodos apresentaram até 1,8% de infecções.

O sucesso levou ao encerramento antecipado dos estudos, permitindo que todas as participantes tivessem acesso ao medicamento. Apesar dos avanços, o alto custo é um obstáculo: nos EUA, o lenacapavir custa cerca de R$ 253 mil anuais por paciente. Especialistas acreditam que uma produção em larga escala poderia reduzir o preço para US$ 40 por ano, tornando a prevenção acessível em regiões mais afetadas pela doença, como a África.

Com expectativa de aprovação pelo FDA em 2025, o lenacapavir pode revolucionar o combate ao HIV, oferecendo uma alternativa eficaz e prática para populações vulneráveis. A inovação reforça a importância de avanços científicos no controle da epidemia global, alinhando eficácia à acessibilidade para salvar milhões de vidas.
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