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Entretenimento - 27 de novembro de 2014

“Nossa cena foi o último movimento de rock relevante” diz Di do NX Zero

 

Em 2006, a cena musical brasileira vivia um fenômeno adolescente que causou controvérsias: o emocore. A explosão, originada principalmente pela internet, misturava um visual chamativo com músicas melosas que angariava legiões de fãs por onde passava. Oito anos depois, muitas das bandas da época não resistiram ao declínio e ao esquecimento, porém, o NX Zero, um dos maiores ícones da cena, conseguiu se reinventar apesar das crises.

Recentemente, a banda lançou o EP “Estamos No Começo de Algo Muito Bom, Não Precisa Ter Nome Não” em que mostram a faceta madura e bem diferente do álbum homônimo de 2006. Mas, o que nem todo mundo sabe, é que o grupo passou por uma crise devido às pressões que o sucesso massivo do passado causou.

“Eu estava reclamando do que sempre sonhei, chegava a ser contraditório”, contou Di Ferrero. A banda passou por um período conturbado em que a música se tornou obrigação. “Rolou aquele sentimento de ser uma máquina ou um produto, aí onde ficava a arte em tudo isso? Pensei até em tirar uns seis meses de férias, mas me senti mal comigo mesmo”.

Antes de tomar uma atitude, no entanto, o vocalista propôs a banda tentar se reencontrar em um estúdio improvisado dentro de uma casa de praia. “Ficamos isolados, só saíamos para os shows. Começamos a lembrar do passado e aquele prazer de tocar de novo foi voltando aos poucos. Daí saiu à ideia do EP”, explicou o vocalista. “Hoje em dia eu entendo quando acontece de um cara querer sair da própria banda. Mas a gente conseguiu passar por isso e, de certa forma, foi bom porque trouxemos de volta a sinceridade do som”.

O clima litorâneo que se faz presente nas novas músicas relembra Charlie Brown Jr e deixa para trás a dor de cotovelo, um dos temas amplamente abordados pelo grupo na antiga fase. “Essa semelhança com Charlie Brown foi como uma ode. Não foi planejada, mas assim que percebemos chegamos até a mostrar para o Thiago e o Champignon. E ele concordou, inclusive”.

O vocalista, que também é jurado no reality show musical “The Voice”, comentou sobre como o leque de influências cresceu com o amadurecimento musical do grupo. “A música se separa entre “boa” e “ruim”, não por estilo. A gente é uma banda de rock no Brasil e é da nossa cultura essa mistura”, explicou. “Outro dia, até, eu estava conversando com o Thiaguinho, porque queria umas indicações de discos do Jorge Aragão. A nossa escola é o rock, mas temos a cabeça muito aberta”.

Sobre o cenário do rock brasileiro, que perde cada vez mais espaço perante o reinado do sertanejo universitário, Di Ferreiro se demonstra flexível. “O Brasil sempre tem suas modas. Agora é o sertanejo, mas antes já foi o rock, assim como já foi o funk e o samba. Isso não é ruim”. Mas sobre o momento roqueiro atual, finaliza: “Nossa cena foi o último movimento de rock relevante”.

Os projetos futuros da banda incluem shows para o mês de Dezembro e um novo disco para depois do carnaval. “Estamos todo dia no estúdio, completamente focados no disco novo. Mas não queríamos deixar para trás esse momento que o EP marcou na nossa carreira”.

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