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Economia - 4 dias atrás

Na guerra comercial de Trump, Brasil surge como vencedor enquanto EUA e China trocam tarifas

Produtores americanos alertam: políticas de Trump abrem espaço para soja brasileira dominar mercado chinês.

A guerra comercial entre EUA e China ganhou um novo capítulo, e o Brasil emerge como o grande beneficiário. Enquanto o presidente Donald Trump impõe tarifas de 25% sobre produtos mexicanos e canadenses, e eleva em 10% as taxas sobre a China, produtores de soja norte-americanos alertam: o agronegócio brasileiro está pronto para ocupar o espaço deixado pelos EUA no mercado chinês. A tensão escalou após Trump citar o Brasil como exemplo de “tarifas injustas” em discurso no Congresso, acendendo o alerta em Brasília.

O governo brasileiro corre contra o tempo para evitar represálias. O vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu virtualmente com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, para negociar uma saída diplomática. O argumento do Brasil é sólido: os EUA acumulam um superávit de US$ 200 bilhões na balança comercial bilateral na última década, e o país aplica tarifas médias de apenas 2,7% sobre produtos americanos. “Não há justificativa para uma guerra comercial”, sinaliza o Itamaraty, enquanto monitora os reflexos das tarifas de Trump.

Nos EUA, o setor agrícola está em pânico. A Associação Americana de Soja alerta que as tarifas retaliatórias da China — que já aplicou 10% sobre a soja dos EUA — ameaçam destruir anos de relações comerciais. “Não há mercado doméstico que absorva o que perdemos na China”, desabafa Caleb Ragland , produtor do Kentucky. O temor é real: em 2024, o Brasil exportou 69 milhões de toneladas de soja para os chineses, gerando US$ 30 bilhões. Com a guerra, o país pode ampliar as vendas em 8,9 milhões de toneladas/ano.

A retaliação global já começou. O Canadá anunciou tarifas de 25% sobre US$ 100 bilhões em produtos americanos, e o México prepara medidas similares. Enquanto isso, o Brasil fortalece laços com Pequim: dos 37 acordos assinados durante a visita de Xi Jinping, seis ampliam o acesso de produtos brasileiros ao mercado chinês. “É uma oportunidade histórica”, avalia um negociador em Brasília. Para os EUA, porém, o cenário é sombrio: a soja brasileira, livre de tarifas, pode substituir totalmente a americana na China.

A disputa expõe a fragilidade das políticas protecionistas. Enquanto Trump aposta em “vender para o mercado interno”, produtores alertam que custos de insumos e a dependência de exportações tornam a estratégia inviável. “As tarifas abalam a confiança, princípio vital para o agronegócio”, critica Ragland. No Brasil, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, comemora discretamente: “Estamos preparados para suprir a demanda global”. Em jogo, está não apenas o comércio, mas o futuro de milhões de produtores rurais — e o mapa do poder agropecuário mundial.
Noticia10

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