Montanha: Suzano papel e celulose usa poderio econômico e consegue licença para plantar eucalipto.
O grande projeto da Suzano de plantar mais de 5 mil hectares de eucaliptos em Montanha, no norte do Estado, prossegue. O último golpe contra a saúde ambiental, social e econômica da população foi a emissão da Licença de Operação nº 001/2017 pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), autorizando o plantio de 933 hectares no Bloco IV – Fazenda Eldorado.
No ano passado a Justiça Estadual determinou a proibição de novos plantios de eucaliptos nos municípios de Montanha e Mucurici, pelas empresas Aracruz Celulose (Fibria) e Suzano Papel e Celulose. A sentença, deferida pelo juiz Antonio Carlos Facheti Filho, atende a ação civil pública do Ministério Público Estadual (MPES), assinada pelo promotor Edilson Tigre, que elencou uma série de justificativas para a proibição da expansão das monoculturas de eucalipto nos dois municípios, em área prevista para 12.777 hectares.
Entre elas, o intenso uso de componentes químicos nos plantios, manejo de mudas clonadas, a desertificação de toda a região, aumento do desemprego e o impacto provocado pelo transporte de milhares de toras de eucaliptos dentro dos municípios em caminhões com 70 a 90 toneladas cada um. A ação cita ainda um estudo feito pelo Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (Caoa) do MPES de Vitória, em que “a área objeto da implantação de silvicultura na região é considerada de vulnerabilidade natural alta a muito alta para recursos hídricos”.
Com cerca de 109.893 hectares de extensão territorial, o município tem uma lei que limita em 15% da área total (16.483 ha), a ocupação máxima com plantios de eucalipto. O único estudo conhecido sobre o percentual atual, porém, foi feito pela própria empresa, segundo informa Dione Albani da Silva, militante local do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). O citado estudo informa que hoje 7,5% do território montanhense é ocupado pelas monoculturas voltadas à produção de celulose. Desde 2016, avalia Dione, as investidas da Suzano na aquisição de terras para plantio voltou a crescer, depois de um período de estabilização.
O alvo são principalmente as grandes fazendas de gado de corte, com baixíssima produtividade, algumas delas herdadas por filhos de antigos fazendeiros, que já não moram mais no município e não têm interesse em investir na pecuária decadente. “A Suzano tem pago valores altíssimos no arrendamento. É mais vantajoso que a pecuária”, conta. A expansão do deserto verde no município é motivo de grande enfrentamento da população, relata o líder do MPA. “Minha experiência como camponês me mostra que a região tem solos muito férteis para a produção de alimentos e que o plantio de monoculturas, especialmente eucaliptos, tem forte rejeição pela comunidade. Ela já tem clareza dos prejuízos ambientais e econômicos dessa atividade”, afirma Dione.
Além da Eldorado, a Suzano arrendou 14 fazendas em Montanha, divididas nos blocos II, III e IV. O Bloco II compreende as fazendas Juazeiro, Luziane, Balão, Oriental, Esplanada, Alvorada, Luiz Siqueira e São Jorge, com área total de plantio de 2.533,46 hectares. Já no Bloco III estão as fazendas Santa Fé I, Santa Fé II e Santo Antônio, com área de plantio de 630 hectares. E, por último, no Bloco IV, as fazendas Eldorado II, Colina e Estrela do Oriental, onde será plantado eucalipto em 1.805,99 hectares.
Noticia10/seculodiario
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