Home Segurança pública Polícia Ministra de Bolsonaro disse que meninas da ilha de Marajó no Pará são estupradas porque não usam calcinhas.
Polícia - Segurança pública - 30 de julho de 2019

Ministra de Bolsonaro disse que meninas da ilha de Marajó no Pará são estupradas porque não usam calcinhas.


As recentes declarações da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), segundo as quais a violência sexual contra meninas e adolescentes na Ilha de Marajó (Pará) deve-se à falta do uso de calcinhas, estão provocando muita revolta. A declaração da ministra aconteceu na última quarta-feira (24), em Brasília, durante a apresentação dos resultados do programa Abrace o Marajó.

“As meninas lá são exploradas porque não têm calcinhas, não usam calcinhas, são muito pobres. E disseram: por que o ministério não faz uma campanha para levar calcinhas pra lá? Conseguimos um monte. Mas, por que levar calcinhas? As calcinhas vão acabar. Nós temos que levar uma fábrica de calcinhas para a Ilha do Marajó. Gerar emprego lá e a calcinha vai sair baratinha pras meninas lá. Então nós estamos buscando, se alguém tiver fábrica de calcinha e quiser colaborar com a gente, venha. Mas nós estamos buscando empreendimentos para a Ilha do Marajó. Tamos conversando com empresários. Na nossa visita a Miami, empresários milionários brasileiros que estão lá fora se ofereceram para também abraçar o Marajó com a gente”.

O primeiro a repudiar a declaração da ministra foi o procurador-geral de Justiça do Pará, Gilberto Martins, em nota divulgada na sexta-feira (26). Para o procurador, “a infeliz manifestação reforça a ‘cultura do estupro’, ainda observada em nossa sociedade, que tende a culpabilizar as vítimas pela violência sexual sofrida, neste caso, sustentando a ausência de vestuário íntimo como justificativa à prática dos atos ofensivos pelos agressores”.

O documento do procurador relata as políticas e campanhas realizadas pelo Ministério Público do Pará (MPPA), desde 2018, para prevenir e coibir a violência sexual contra as meninas do arquipélago. O trabalho tem parceria com a Conferência Nacional do Bispos do Brasil (CNBB) e vem apresentando resultados concretos, segundo o procurador.
O procurador afirma que esse caso grave “exige muito mais do que a implantação de empresas de vestuário”, como diz Damares. A nota finaliza expressando “irrestrito apoio às mulheres e meninas marajoaras diante do lamentável episódio”, ratificando o compromisso do MPPA “na defesa dos seus direitos humanos”.

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