MG: Menina escreve carta para denunciar estupros cometidos pelo pai e avô
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu nesta semana o pai e o avô de uma menina de 12 anos por suspeita de estupro. A adolescente foi vítima das agressões dos dois por pelo menos cinco anos em Janaúba, no Norte de Minas. Os crimes foram descobertos depois que uma psicóloga da escola onde a menina estuda ter orientado ele a escrever cartas para desabafar. Nas cartas ela fala da dor provocada pelo pai e avô, além de dizer que se sente culpada.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Bruno Fernandes Barbosa, o avô, de 72 anos, e o pai da criança, de 43, são caminhoneiros. O idoso foi localizado na casa em que mora, na cidade de Betim. Os abusos contra a neta ocorreram quando ele fez visitas à família no Norte de Minas. Na carta que escreveu para o avô, a adolescente chega a relatar que os abusos começaram quando ela ainda não entendia o que estava acontecendo.
“Querido avô, fico triste até hoje com isso de tudo que você me fez sabe me machucou muito mais estou melhorando aos poucos. Começou quando você fez isso comigo 5 ou 6 anos. Bom e eu não sabia o que o senhor fazia comigo eu apenas deixava, mas agora que eu cresci sei o que você fazia comigo era errado [sic]”, diz a carta.
No texto, a menina ainda diz que tem medo do “amor falso” que tinha pelo avô, e afirma que apesar de tudo gosta dele, só não se sente à vontade de estar no mesmo lugar que ele. Ao final, ela se despede e diz que perdoa o homem de 72 anos pelo erro dele e chega a mencionar que enxergou os próprios erros que cometeu.
A Polícia Civil de Janaúba deflagrou uma operação na BR-040 para interceptar o caminhão do pai da menina. O homem de 43 anos estava em um frete de combustíveis e a polícia descobriu que ele faria uma entrega em um posto de Felixlândia. Quando o homem estacionou no local, foi detido.
Nas cartas que também escreveu para o pai, a menina de 12 anos diz que se sente culpada por não aguentar mais segurar o segredo. “Toda minha vida eu vivi isso sem conta para ninguém, sofrendo sozinha, calada, fico assim até os dias de hoje chorando no quarto ou no banheiro e me machucando várias vezes, até que não aguentei e desabafei [sic]”, diz a menina quando se refere às sessões com a psicóloga do colégio onde estuda.
Segundo investigações da Polícia Civil, a menina chegou a ferir os próprios pulsos diversas vezes com objetos cortantes. Na carta para o pai, ela diz ter pensado na morte e que no fundo sabe que teve culpa. Em uma parte do relato, ela diz ter sofrido mais de nove anos de abusos.
“Todos falam que não tive culpa, mas no fundo eu sei que tive e a minha madrinha também te perdoa pelo que você fez com ela também. Foram mais de 9 anos de abuso sem eu não conta para ninguém absoluto, se não era sozinha em casa você fazia com gente em casa e você não tem vergonha não? [sic]”, levanta o questionamento para o próprio pai.
Ela finaliza o texto dizendo que uma parte dela diz para não perdoá-lo, mas que perdoa o pai agressor por tudo. Segundo a polícia, a madrinha a que a menina se refere no texto é uma tia dela. A suspeita é que a mulher também tenha sido estuprada pelo pai da adolescente.
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