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Economia - 2 de outubro de 2015

MG: Documentário alerta para os perigos da terceirização

 

Denunciar o que há por trás do processo de terceirização no setor elétrico brasileiro, caracterizado pela precarização e acidentes de trabalho. Esse é o objetivo do documentário “Dublê de Eletricista”, que será lançado em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta sexta-feira, às 19 horas, no Auditório. O requerimento para a reunião, que integra o cronograma de lançamento nacional desta produção, é do deputado Rogério Correia (PT). Em Minas, além da Assembleia, o lançamento é promovido também pela Central Única dos Trabalhadores em Minas Gerais (CUT-MG) e pelo Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro-MG).

O documentário “Dublê de Eletricista” mostra a história do eletricitário Lúcio Nery de Souza, que prestava serviços para a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e se acidentou em 11 de abril de 2013. Morador de Patrocínio (Alto Paranaíba), ele sofreu uma forte descarga elétrica durante a manutenção da rede elétrica, fato que resultou na amputação de suas duas mãos e da perna esquerda. Aposentado por invalidez, Lúcio teve que acionar a Justiça contra a empresa em que trabalhava, a Eletro Santa Clara, que na época prestava serviço para a Cemig. O objetivo da ação é custear sua reabilitação, inclusive as próteses, e garantir o sustento da família.

Rogério Correia lembra que o sofrimento de Lúcio deve servir de alerta para que casos assim não se repitam mais, daí a importância do lançamento do documentário, que pode embasar uma mudança de mentalidade por parte da direção das empresas elétricas. “A riqueza da Cemig, a maior empresa pública de Minas Gerais, é construída por um exército de trabalhadores anônimos, muitos deles terceirizados. São postos de trabalho precarizados, com salários rebaixados, jornadas de trabalho extenuantes, falta de qualificação profissional e acidentes. O destino dos familiares de vítimas de acidentes de trabalho é conviver com a dor e o abandono”, aponta o deputado.

Lúcio é um dos convidados para a audiência pública que marca o lançamento do filme, que tem direção e produção de Benedito Maia e Carlos Machado, que também participarão do debate na Comissão de Direitos Humanos. O filme tem como pano de fundo o cotidiano dos trabalhadores no setor elétrico brasileiro, um dos maiores responsáveis por mortes em acidentes de trabalho.

Segundo números da Fundação Comitê de Gestão Empresarial (Coge), que reúne informações de 67 empresas públicas e privadas do setor elétrico brasileiro, foram 964 mortes de trabalhadores do setor entre 2001 e 2013, sendo a grande maioria, 782 (81%), de terceirizados, e ainda 182 mortos do quadro de funcionários próprios das empresas concessionárias. No mesmo período foram registrados, aproximadamente, 9,7 mil acidentes de trabalho típicos, ou seja, no desempenho das funções, que resultaram no afastamento dos trabalhadores, muitos deles com mutilações. Em Minas Gerais, no ano de 2013, segundo informações da Superintendência do Trabalho e Emprego do Ministério do Trabalho em Minas Gerais, foram registrados 46.786 acidentes de trabalho típicos.

Na Cemig, segundo informações da assessoria de Rogério Correia, apenas em 2015 ocorreram quatro acidentes fatais, todos com trabalhadores terceirizados a serviço da empresa. Em setembro último ocorreram mais dois acidentes graves com terceirizados. Uma das vítimas está internada no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), em Belo Horizonte, após ter braço e perna amputados. A outra não resistiu aos ferimentos e morreu na última segunda-feira (28).

Agenciaminas/noticia10

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