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Minas Gerais - 4 de junho de 2015

Itaobim: audiência pública discute crise enfrentada pela saúde no município.

 

Mesmo sendo referência no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no Vale do Jequitinhonha, Itaobim ainda apresenta vários gargalos nos serviços prestados nessa área. A situação da saúde do município foi discutida em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião foi solicitada pelos deputados Doutor Jean Freire (PT), natural da cidade, e Doutor Wilson Batista (PSD).

Jalvanice Lopes, diretora clínica do Hospital Vale do Jequitinhonha, destacou que um dos orgulhos da cidade foi ter conseguido trazer o Serviço Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para a região. “Quando veio o Samu, há cerca de três anos, foi um alívio para nós”, comemorou. Ela destacou que o serviço foi desenhado de modo diferente para a região, uma vez que originalmente só era instalado em municípios de médio ou grande porte.

A diretora clínica do hospital também vê dificuldades de custeio nos serviços de saúde locais. Ela contou que na área de ortopedia, um paciente com fratura pode ficar cerca de 40 dias aguardando uma cirurgia. “Para uma cirurgia de colo do fêmur, uma prótese custa entre R$ 1.500 e R$ 3 mil, e o SUS só paga R$ 500”, reclamou. De acordo com Jalvanice Lopes, por razões humanitárias, o hospital muitas vezes tirava recursos de outras áreas para bancar essas próteses, mas essa conta não fechava.

Mesmo reconhecendo os avanços, Artur Pereira Santana, diretor do Hospital Vale do Jequitinhonha, reclamou que está difícil manter os serviços prestados pela entidade. “Tínhamos um teto de R$ 150 mil por mês para bancar a hemodiálise, criada há cerca de três anos. O serviço foi ampliado e hoje recebemos R$ 300 mil. Só que desde novembro do ano passado, 20% desse valor não é pago. Como vamos fazer? Parar o atendimento?”, questionou.

Na fase de debates, várias pessoas trouxeram contribuições às discussões. Vanessa Moreira, coordenadora do programa Viva Vida de Teófilo Otoni (Vale do Mucuri), defendeu a priorização da atenção primária à saúde. “Estamos discutindo só questões de valores pagos a hospitais e nada se fala sobre a atenção primária! Temos que investir no agente de saúde que visita as famílias”, enfatizou. Ela ressaltou que, em Teófilo Otoni, são pagos apenas R$ 11 mil para a atenção primária no Programa Saúde da Família (PSF). “Esse valor não paga nem o salário de um médico”, constatou.

O presidente da comissão, deputado Arlen Santiago (PTB), fez uma análise dos vários problemas na saúde não só na região, mas em todo o Estado. Para ele, é necessário mudar o modelo da gestão da saúde, dando maior ênfase à atenção básica, mas com recursos suficientes, principalmente do Governo Federal. Ele ressaltou que os recursos aplicados pela União são insuficientes e, na sua avaliação, falta vontade política para investir no setor. Para mudar esse quadro, ele defendeu que o Governo Federal seja pressionado.

O parlamentar deu alguns exemplos do subfinanciamento da saúde no Brasil, como a tabela do SUS, que há 15 anos não é reajustada, segundo ele. Pela tabela, uma consulta vale R$ 10; uma radiografia, R$ 5,50. “Por um leito de SUS, são pagos R$ 430, e o custo dele é de R$ 1.300. Para uma biópsia de mama, o SUS paga R$ 68, sendo que só a agulha para isso custa mais de R$ 300!”, indignou-se. Para o deputado, com todas essas discrepâncias, os hospitais acabam se endividando e ainda são obrigados a atender a um teto máximo de pacientes, segundo norma do SUS. Ele questionou como os estabelecimentos vão agir no caso de atingir o teto para atendimento de pacientes com câncer, já que outra norma obriga que ele seja atendido em até 60 dias.

Para o deputado Doutor Jean Freite (PT) afirmou que quem mais investiu na região foi o Governo Federal. Na opinião dele, o SUS é o melhor sistema do mundo, mas o usuário tem que cobrar melhorias. Ele também defendeu a taxação de grandes fortunas no País, aplicando-se os recursos obtidos na saúde. O parlamentar citou o programa Mais Médicos como um dos exemplos da priorização da saúde pelo Governo Federal. “ Foram chamados para o programa 4 mil novos médicos, todos brasileiros – 300 só para Minas Gerais”, comemorou. Em relação ao Governo do Estado, o deputado registrou que o governador Fernando Pimentel fez o anúncio de que retomará diversas obras paradas dos hospitais regionais.

Já o deputado Ricardo Faria (PCdoB) defendeu um novo pacto federativo na saúde. “É preciso garantir mais recursos para quem realmente resolve os problemas do cidadão: o município”, afirmou. Ele anunciou alguns requerimentos que a comissão deve aprovar em sua próxima reunião na ALMG. Os deputados vão solicitar aos Governos Federal e Estadual: estudos visando viabilizar a realização de cirurgia ortopédicas de alta complexidade em Itaobim e aplicação de mais recursos para os programas de DST/Aids. Também vão marcar visita ao secretário de Estado de Saúde, Fausto Ferreira, para tratar da revisão do contrato de gestão do Hospital Vale do Jequitinhonha e do aumento do teto de atendimentos da entidade.

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