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Bahia - 25 de junho de 2018

Eunápolis: Seminário discute o atendimento especial a crianças e adolescentes vítimas de violência

Dados do Atlas da Violência 2018 revelam que em 2016, 68% dos casos de estupro notificados pelo Sistema Único de Saúde tiveram como vítimas crianças e adolescentes. Além da violência, a criança pode levar para a sua vivência futura traumas graves que podem ser gerados no momento de contar como tudo aconteceu. Esse foi o tema do I Seminário sobre a Lei 13.431/2017 e o Atendimento Integrado às crianças e adolescentes vítimas de violência na Costa do Descobrimento.

A Chilhood foi instituída em 1999 no Brasil pela Rainha Silvia da Suécia e, desde então, a instituição atua no enfrentamento de violência sexual contra a criança e adolescente no país. A Lei 13.431, sancionada em 2017, teve forte participação da ONG na elaboração do conceito ideal para a criação de centros integrados de atendimento das vítimas nos municípios brasileiros.

De acordo com o professor Benedito dos Santos, Consultor da Childhood, a Lei vem para mudar a cultura de proteção de crianças e adolescentes vítimas de algum tipo de violência. “A finalidade dessa lei é a não revitimização de crianças e adolescentes, sobretudo, facilitar o acesso e processo dessa vítima a rede de proteção e o sistema de justiça”, explicou. A revitimização acontece quando vítima revive o trauma por vezes seguidas quando ela é requisitada por vezes pelo sistema de Justiça.

A principal iniciativa para isso é a adoção da escuta protegida ou depoimento especial. Trata-se de um procedimento de entrevista sobre a violência com a vítima perante a uma das instituições de proteção. Itamar Batista, Gerente de Advocacy da Childhood Brasil, destacou que o seminário tem como objetivo apresentar aos municípios o procedimento adequado, exigido pela lei, que abrange, por exemplo, acesso a um local acolhedor e garantam a privacidade da vítima ou testemunha da violência. “A Lei prevê a criação de centros integrados, para que a vítima não precise repetir em diferentes momentos da investigação os acontecimentos da violência. A vítima não tem que ser inquerida. Ela precisa ser recebida de forma acolhedora, seguindo um protocolo de entrevista forense,” explicou.

O juiz Arnaldo Lemos, titular da 1ª Vara dos Crimes Praticados contra a Criança e o Adolescente, trouxe para o seminário a experiência da escuta especial, que já acontece em Salvador desde 2014. “Tivemos a chance de iniciar esse trabalho de escuta protegida com mais de 130 crianças e adolescentes na capital e, durante o trabalho, tivemos a certeza que não há como proceder no modelo tradicional”, destacou.

O depoimento especial ainda prevê o resguardo da criança ou do adolescente de qualquer contato com o agressor ou acusado, ainda que seja visual, preservação da intimidade e privacidade, inclusive a tramitação em segredo de justiça. Durante os dias do evento, os municípios foram representados por servidores da secretaria de assistência social, educação e conselhos tutelares.

É na infância que temos os maiores e melhores registros da vida. O que acontece nesse período é levado para a vida inteira e refletem na formação social do cidadão. Mesmo com os avanços de medidas de proteção à violência contra crianças (idade até 12 anos incompletos) e adolescentes (idade de 12 anos completos a 18 anos incompletos), o número de casos aumentam no país.
Noticia10/ascom

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