Estresse por calor extremo pode acelerar envelhecimento, aponta estudo preliminar

Um estudo recente indica que a exposição a ondas de calor extremo, intensificadas pela crise climática, pode acelerar o envelhecimento humano em níveis moleculares. A pesquisa, apresentada durante o encontro da Sociedade de Gerontologia dos EUA e destacada pela revista Nature, analisou amostras de sangue de mais de 3.000 pessoas, apontando mudanças no DNA causadas pelo estresse térmico. Segundo os pesquisadores, o calor afeta órgãos como coração e rins, além de prejudicar funções cognitivas do cérebro.

Os resultados mostram que períodos prolongados de calor intenso podem acelerar o “relógio epigenético”, ferramenta que mede modificações químicas no DNA associadas ao envelhecimento. Embora o uso desse marcador ainda seja debatido entre cientistas, estudos prévios já sugerem uma relação entre estresse ambiental e envelhecimento biológico. “O impacto do calor extremo pode não ser imediatamente perceptível, mas provoca deteriorações no nível celular que se manifestam ao longo do tempo”, explica Eun Young Choi, gerontologista da Universidade do Sul da Califórnia e coautora do estudo.

Os pesquisadores cruzaram dados epigenéticos de 3.800 americanos com informações climáticas das regiões onde viviam. Descobriram que, em locais com maior número de dias quentes ao longo de seis anos, os indivíduos apresentavam uma idade molecular mais avançada. Cada aumento de 10% na quantidade de dias de calor extremo elevava a idade biológica em 0,12 ano, enquanto aqueles expostos a climas mais amenos envelheciam mais lentamente.

A pesquisa ainda é preliminar, mas destaca a importância de mitigar os efeitos da crise climática, especialmente em regiões vulneráveis. Com o aumento global das temperaturas, os impactos na saúde humana tendem a se intensificar, reforçando a urgência de ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e proteger as populações expostas ao estresse térmico.
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