Espírito Santo terá primeira mostra de filmes sobre quilombolas
A cultura, as tradições, a produção, a luta pela terra e muitos outros aspectos dos povos quilombolas do Espírito Santo estarão presentes no Kilombo – I Mostra de Filmes sobre Quilombos do ES. O evento acontece na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) na próxima sexta-feira (11), contando com exibição de filmes no Cine Metrópolis, palestras, debates, feira de produtos e gastronomia e manifestações artísticas.
A proposta surgiu do cineasta Ricardo Sá, que possui diversas produções audiovisuais realizadas em parceria com as comunidades. Durante o dia serão exibidas 17 obras. “O Espírito Santo tem uma produção consistente de filmes sobre o tema, embora, infelizmente, nenhum deles tenha sido produzido por uma pessoa quilombola, o que deve começar a mudar com a realização do cineclube CineQuilombo Sapê do Norte, que prevê oficinas de produção audiovisual para jovens dos quilombos”. O cineclube será lançado oficialmente durante a Mostra.
Além das exibições, o grupo organizador entendeu ser de grande importância fomentar debates que dialoguem e complementem os temas apresentados nas obras cinematográficas. “Os filmes apresentam diversos aspectos da cultura e da resistência desta população descendente de africanos escravizados, que de forma sábia soube preservar modos de se alimentar, de morar, de festejar e de fazer contato com seus deuses, apesar de todos os processos vivenciados nos últimos cinquenta anos no Espírito Santo”, explica Ricardo.
Dessa maneira, após a realização de um café da manhã típico quilombola e antes dos filmes, a modo de introdução, haverá uma palestra com o professor da Ufes Osvaldo Martins de Oliveira com o tema “O patrimônio cultural das comunidades quilombolas do ES”. Outro debate importante vai tratar da atual situação da titulação dos territórios quilombolas no Espírito Santo e no Brasil, com presença de lideranças estaduais e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).
Desde 2003, quando teve início o processo de demarcação de territórios quilombolas no Brasil apenas uma pequena comunidade capixaba foi titulada. “É importante levar esse debate para a universidade, especialmente na conjuntura em que estamos no Espírito Santo, em que a regularização fundiária não avança nada. Vai ser bom para dar visibilidade ao descaso que existe com essa pauta. Mas é um debate que tem que ir além da academia e dialogar com a sociedade em geral e especialmente com as comunidades quilombolas”, afirma Kátia Penha
Aproveitando a presença na Universidade, o tema educacional não poderia ficar de fora. O último painel acontece com o tema “Interface da Educação Escolar Quilombola e as questões da implementação da política educacional e das relações étnico-raciais nas escolas quilombolas do Espírito Santo”. Em paralelo à mostra, na parte externa do Cine Metrópolis, será realizada a Feira Rompendo o Silêncio, que traz produtos gerados nas áreas retomadas, que antes eram dominadas pelos monocultivos de eucalipto, principalmente da Aracruz Celulose (Fibria).
“O nome da feira vem do fato de que as retomadas estão produzindo muito alimento e isso não está sendo visto. O objetivo é chamar atenção para esses produtos de boa qualidadade que vêm sendo produzido”, diz o agricultor Antônio Sapezeiro, que atua no cultivo por meio de agrofloresta e com o reflorestamento das matas ciliares em torno das nascentes de água. Além de produtos in natura como abóbora, mandioca, banana, maracujá, a feira contará com produtos como sabonetes, shampoo, bolos e pães feitos pelas famílias que atuam nas retomadas.
Noticia10/ascom
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