ES: HIV atinge 13 mil pessoas, mas só oito mil tratam
A Coordenação Estadual de Doença Sexualmente Transmissível (DST) e Aids da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) ainda está em fase de conclusão do Boletim Epidemiológico DST/Aids de 2017, que deve ser publicado até o final de agosto. Mas alguns dados já são conhecidos e ligam o sinal de alerta. O maior número de casos novos da doença está entre os homens de 15 a 29 anos e dentro do grupo HSH, dos homens que fazem sexo com outros homens. O aumento da infecção foi de 170% no Espírito Santo, de acordo com a Coordenação.
Segundo a coordenadora Sandra Fagundes, também houve aumento da infecção entre os homens heterossexuais dentro da mesma faixa etária. São 13 mil pessoas soropositivas no Espírito Santo nos 32 anos de cadastro da Sesa. Apesar de oito mil fazerem o tratamento oferecido pelos Serviços de Atendimento Especializados (SAE) por meio do uso de antirretrovirais, nem todas essas pessoas encaram o tratamento como deve ser feito.
“O problema é crescente entre homens jovens. Das oito mil pessoas, uma média 6.600 pegam o remédio todo o mês. Todas as pessoas diagnosticadas HIV positivo têm o direito de tomar o remédio. Até o fim de 2016 o tratamento era com um comprimido que tinha três remédios dentro. A partir de janeiro deste ano mudou e são duas pílulas: um com dois remédios e um comprimido a mais. O novo produto é mais potente e com menos efeito colateral”, explicou.
Segundo a coordenadora, em 32 anos foram cerca de 3.600 mortes por Aids no Espírito Santo, sendo que, somente em 2015, 222 morreram em decorrência da doença. Ela afirma que o Estado está abaixo da média nacional. “No ano de 2015 a média nacional da taxa de mortalidade foi de 5,7 (pessoas para cada 100 mil habitantes) e no Espírito Santo foi de 5,6. Taxa de mortalidade é dentro da média nacional. Temos tido uma média de 200 óbitos por ano relacionados ao HIV/Aids. A maioria das mortes é relacionada ao diagnóstico tardio, pessoas que já chegam adoecidas em estado grave, não conseguem melhorar e vão a óbito”.
A proporção de mortes é duas vezes maior entre os homens com relação às mulheres e a forma dominante de transmissão do vírus continua sendo por relação sexual. “O vírus vai atingindo o sistema de imunidade. A pessoa já aparece no serviço sem nenhuma imunidade e condição de suportar qualquer doença, tendo mais chances de ir a óbito. As doenças que mais matam são as causadas por bactérias como a tuberculose”, explicou Sandra Fagundes.
A Secretaria de Estado de Saúde conta com um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) itinerante que promove campanhas para fazer testes rápidos, não só de HIV, mas de sífilis e hepatites B e C nos municípios capixabas. Além de aconselhamentos, pré e pós testagem. “Não conhecemos uma média de 20% dos infectados, porque não foram fazer o exame. Solicitamos também que municípios façam campanhas e testes com a população, porque se identificarmos o mais rápido possível, a pessoa toma remédio, não adoece e não morre”, conclui.
O Boletim Epidemiológico de Aids do Ministério da Saúde do Brasil aponta o município de Cariacica como o 79º entre os 100 municípios do Brasil com mais de 100 mil habitantes com o maior índice composto de infecção de HIV/Aids. É o único do Espírito Santo nessa lista que leva em conta indicadores como a taxa média de detecção de aids na população geral nos últimos três anos; taxa média de mortalidade por aids na população geral nos últimos três anos e outros.
“Cariacica ainda tem uma grande quantidade de pessoas com baixo grau de instrução. O número de profissionais do sexo aumenta, é uma região onde temos grande número de caminhoneiros, de indústrias, empresas com caminhoneiros, concentradas em Cariacica e isso contribui para o aumento, pois é uma população flutuante: vai, viaja e volta”, explica.
Ela afirma que são realizadas campanha nas empresas com a testagem de HIV, sífilis e hepatites B e C, no Faça Fácil de Campo Grande e na Ceasa: pontos de maior movimentação desta população. A coordenadora explica que a maioria dos óbitos acontecem nos pacientes que têm abandono de tratamento. Outra questão que ela destaca é o descuido.
Noticia10/ascom
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