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Espírito Santo - 28 de outubro de 2016

ES: Agrotóxicos afetam saúde mental do agricultor no Estado

 

Levantamento divulgado pelo Centro de Atendimento Toxicológico (Toxcen) da Secretaria da Saúde do Espírito Santo revela que, em 2015, aconteceram 352 tentativas de suicídio de trabalhadores que manipularam agrotóxicos. Mas são de intoxicação os casos mais numerosos da ação do veneno utilizado na agricultura. Segundo os órgãos responsáveis capixabas, ocorreram ao menos 806 registros desse tipo no ano passado.

O veneno provoca alteração neuromotora e intoxicação crônica, que afetam toda a população, pois decorrem da presença de resíduos do veneno em alimentos e no ambiente. A manifestação dos danos não é imediata, de acordo com explicação de especialistas que estudam do uso de produtos químicos nas pessoas e no meio ambiente.

Doutor Hércules (PMDB), presidente da Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa, afirma que há “provas contundentes do comprometimento do sistema nervoso das pessoas, pela ingestão ou absorção pela pele dos agrotóxicos, que acabam impregnando o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico”. E há agravamento das doenças existentes, acrescenta Doutor Hércules. “O Mal de Parkinson, que não é causado pelo agrotóxico, pode ser agravado, provocando tremores muito mais evidentes, mais violentos”, explica.

A alimentação cai no sistema circulatório do sangue e percorre todo o sistema nervoso, e as células são filtradas pelo fígado e pelos rins. “Essa filtração deixa resíduos de agrotóxicos e isto é muito maléfico para nossa saúde”, diz o presidente da Comissão de Saúde. Há as doenças que se manifestam com mais frequência e rapidez, afirma o deputado – que é médico ginecologista e obstetra –, como as doenças respiratórias e as doenças de pele.

No Espírito Santo, o crescimento do uso de agrotóxico aumentou nos últimos anos. Em 2007, segundo dados oficiais do Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, o consumo era de 3.612.769 de quilos (3.612 toneladas). Em 2013, havia saltado para 8.299.948 (8.299 toneladas) quilos de agrotóxicos. Já a área de plantio não teve aumento significativo no período. O resultado desse crescimento reflete na incidência de intoxicação, saltando de 3,31 para 15,18 pessoas por 100 mil habitantes.

Em 2007, foram registrados 111 casos de intoxicação no Estado. Em 2014, foram 497 casos registrados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, publicado em 2016. No período apurado foram notificadas 2.548 ocorrências. Entretanto, como informado, segundo os órgãos responsáveis capixabas, ocorreram ao menos 806 casos de intoxicação pelo veneno em 2015.

“Quando você joga o veneno, de avião, os filhotes de pássaros, até mesmo os pássaros, os roedores, os micro-organismos são eliminados. Não vai eliminar só as pragas, vai eliminar toda a cadeia”, explica Padre Honório.  O deputado comenta a ação do Glifosato, criado pela Monsanto depois de ser proibida a produção do DDT, na década de 1970, princípio ativo largamente usado nos produtos agroquímicos.

“Já foi constatado pelos órgãos de pesquisa a grande influência que tem o contato das mulheres grávidas com o Glifosato para que nasçam crianças com problemas de autismo. A pesquisa revela um dado alarmante. Dentro dos próximos 20 anos, a expectativa é de que a cada duas crianças nascidas, uma será autista. Qual será o custo para a saúde?”, pergunta Padre Honório. O Glifosato aparece em primeiro lugar no ranking das vendas de veneno, em 2013, oito vezes na frente do segundo lugar, que é a Atrazina.

Noticia10/Aldo Aldesco/Web Ales

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