Dead Fish lança disco com nova formação e ataca protestos
A polêmica aconteceu poucos dias depois das manifestações que pediam o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Instigado por uma provocação de um internauta no Facebook, a respeito do posicionamento político da banda de hard core, o Dead Fish respondeu — com maiúsculas: “SOMOS DA ESQUERDA, SE VOCÊ É DA DIREITA E COLA NO SHOW, VOCÊ ESTÁ NO LUGAR ERRADO! FIM!”.
A afirmação caiu como uma provocação em alguns dos seguidores. embora a banda nunca tenha disfarçado o conteúdo político e um tanto anarquista nas letras e nas apresentações –influência direta de bandas punk como Dead Kennedys e Bad Religion. “Eu sou de direita, quer dizer que não sou bem-vindo?”, rebateu um fã. “Eu não curto a politica de esquerda, mas curto muito o som”, escreveu outro. “Cheguei a receber uma ligação de um amigo da Argentina: ‘é sério mesmo que as pessoas achavam que um dia vocês tiveram uma postura mais à direita?'”, conta o vocalista Rodrigo Lima.
O comentário no Facebook não foi uma iniciativa dos integrantes – Rodrigo nem sequer sabe mexer nas redes sociais –, mas sim de um integrante da equipe de redes sociais da banda. Acabou perdendo o emprego, embora não tivesse dito nenhuma mentira. “É um momento ruim para se posicionar. Até porque o governo que nós temos supostamente é da esquerda, o que eu não concordo. É uma cagada chamar quem colaborou com a banda de otário. É ridículo. Mas definitivamente, se você pegar todos nossos discos, nossa agenda não premia esse conservadorismo. Minha vida inteira eu fui contra isso”, rebate.
Entre as novas músicas, há uma resposta direta às manifestações de ódio aos nordestinos, com um título irônico em francês: “Nous Sommes Les Paraibe” [Nós somos os Paraíba] e uma crítica aos protestos contra a corrupção, que desde 2013 têm deixado espaço para um grupo em especial pedir intervenção militar. “Eu vejo isso como uma baita confusão e alguém está usando isso para se beneficiar. Usando essa coisa da ética e do fim da corrupção para direcionar o discurso. Vejo como um terceiro turno da eleição, apesar de eu não votar há muitos anos”, observa. “Não consigo ver algo homofóbico, racista, que chama mulheres de vaca e que pedem para que os nordestinos voltem para seu país como algo que esteja aliado a algo progressista.”
A canção talvez seja a única a ter uma visão negativa desses protestos. Em outro extremo, Lobão e Roger do Ultraje a Rigor – tem composto canções de apoio ou desfilado comentários a favor do impeachment. A polarização, esse jargão político, quem diria, também está na música. “Meu primeiro show, quando era garoto, foi do Ultraje a Rigor, eu tinha 12 anos. Eu tenho certo respeito artístico, mas o respeito pessoal acabou completamente. Não sei, parece que eles estão ganhando salário da ‘Veja’ e Globo. A gente muda, né?”
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