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Brasil - 24 de fevereiro de 2020

Brasil é principal mercado de agrotóxicos ‘altamente perigosos’, diz estudo.


Aproximadamente um terço da receita das principais fabricantes de agrotóxicos do mundo vem de produtos classificados como “altamente perigosos” — que têm como destino, em sua maioria, países emergentes, como Brasil e Índia, e países pobres. Essa foi a conclusão de um levantamento feito pela Unearthed, organização jornalística independente financiada pelo Greenpeace, em parceria com a ONG suíça Public Eye. Em 2018, as vendas desse tipo de pesticida renderam cerca de US$ 4,8 bilhões às cinco maiores companhias do setor.

“Quase metade (41%) dos principais produtos das gigantes agroquímicas Basf, Bayer, Corteva, FMC e Syngenta contêm pelo menos um pesticida altamente perigoso (HHP, sigla em inglês para highly hazardous pesticides)”, afirma a publicação. O levantamento da Unearthed com a Public Eye apontou ainda que 27% dos agrotóxicos vendidos em países ricos são considerados altamente perigosos. No Reino Unido, a proporção é de apenas 11%. Por outro lado, 45% dos agroquímicos vendidos pelas cinco empresas em países de renda média e baixa se encaixam na categoria. Na África do Sul, a cifra sobe para 65%, na Índia, para 59% e no Brasil, para 49%.

A OMS e a FAO definem os HHP como “pesticidas que reconhecidamente representam riscos agudos ou crônicos à saúde ou ao meio ambiente segundo os sistemas de classificação internacionalmente aceitos”. Os riscos ambientais incluem a contaminação de fontes de água ou a “interrupção de funções do ecossistema”, como a polinização. A ONU, entretanto, não tem uma lista própria dos HHP. Tomando como a base a tabela compilada pela PAN, quase um quarto das vendas das cinco maiores empresas do setor em 2018 vieram de pesticidas que ofereceriam algum risco à saúde humano, incluindo alguns possivelmente carcinogênicos, enquanto 10% viria de produtos tóxicos para as abelhas.

O destaque é do glifosato, que movimentou mais de US$ 1 bilhão em 2018, de acordo com a publicação. Desenvolvido pela Monsanto antes de a empresa ser adquirida pela Bayer, o pesticida foi identificado como “possível cancerígeno” pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), outra classificação questionada pelas companhias e por várias agências reguladoras. Entre os agroquímicos que poderiam representar perigos crônicos à saúde há o glufosinato, herbicida produzido pela BASF, e o fungicida agrícola ciproconazol, da Corteva, que reguladores da União Europeia já classificaram como prejudiciais para o feto, à fertilidade e à função sexual.
noticia10/bbc

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