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Comportamento - 24 de fevereiro de 2023

Brasil: Alcoolismo entre as mulheres tem crescido no País

Cada vez mais mulheres estão consumindo álcool no Brasil. É o que mostra a última edição da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019. Segundo a pesquisa, 17% das mulheres brasileiras consomem bebida alcoólica todas as semanas. Os dados revelam que uma em cada quatro mulheres que bebem consomem álcool de maneira abusiva, e 1 a cada 50 cria um grau de dependência na bebida. Um relatório produzido pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) quantifica esse problema: entre 2010 e 2018, houve um aumento de 19% na quantidade de internações relacionadas ao uso de álcool entre as mulheres.

Para as mulheres, ainda existem riscos específicos. “A gama de complicações que a mulher pode ter por conta do consumo nocivo de álcool é, realmente, muito ampla, com muitas especificidades, como variações de acordo com o ciclo menstrual, gestação e amamentação”, explica Olivia Pozzolo, psiquiatra e pesquisadora do CISA. “Desde o primeiro episódio de consumo, o tempo que se passa para a mulher ser diagnosticada com dependência tende a ser menor. A razão disso está na própria questão de o álcool ser mais danoso no corpo feminino.”

Doenças mais incidentes no sexo feminino têm grande aumento quando se consome álcool de forma abusiva: a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC), revelou, em pesquisa, que a probabilidade de se desenvolver câncer de mama aumenta de 7% a 10% a cada dose de bebida consumida. A saúde reprodutiva também é prejudicada, pois, além de dificultar a concepção, o álcool ingerido por uma mulher gestante pode lesar o feto, causando, transtornos do espectro alcoólico fetal. “Os problemas podem ser muito sérios, e, além disso, são completamente evitáveis”, diz Olivia.

Mas não é apenas a saúde física que é comprometida pelo uso abusivo do álcool: a saúde mental também é sensibilizada pela bebida. Mas por que isso vem afetando o gênero feminino de uma forma tão extensa? Existem diversas causas em estudo, disserta Mariana Thibes, socióloga e coordenadora do CISA. Segundo a especialista, uma das principais hipóteses é o estresse e a exaustão. O trabalho doméstico e de cuidado, que ainda é pouco dividido com os homens, toma tempo e energia considerável das mulheres, além de ser conciliado com as demandas do mercado de trabalho e de cuidado pessoal.
Noticia10/resumo/pns-IBGE

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