BA: Operação da mineradora BRAZIL IRON pode prejudicar uma das melhores cachaças do mundo, a ABAÍRA.
É pela qualidade da sua cachaça que Abaíra é reconhecida no Brasil. Tanto que o município, vizinho a Piatã, conquistou o selo de Indicação Geográfica (IG) pelo alto nível da aguardente desenvolvida nos alambiques locais, graças às condições ideais do terreno e clima na região — o chamado terroir. Porém as atividades da mineradora Brazil Iron vêm assoreando e poluindo a nascente do Rio Bebedouro no quilombo da Bocaina, principal nascente da comunidade, e coloca em risco pelo menos duas nascentes de água em Abaíra.
“Nós temos aqui na região em torno de 14 nascentes em um raio de 15 quilômetros. A nascente do Fernandes abastece 40% da sede do município e 71 famílias nas comunidades de São José, Ponte e Várzea Grande. A segunda nascente, a Samambaia, abastece a comunidade do Brejo, que reúne mais de 200 famílias”, relata José Gomes Novais, produtor de cachaça há mais de 50 anos.
As fontes de água utilizadas na produção da cachaça Abaíra, e que também abastecem centenas de famílias na zona rural, estão ameaçadas de contaminação por pesquisas minerais encomendadas pela Brazil Iron e realizadas pela empresa GeoAgro na região de São José, zona rural de Abaíra. As pesquisas de prospecção de minério na região de São José, com perfuração do solo e uso de óleo próximo às nascentes, ameaçam a qualidade dessa água.
José Novais vem alertando para o perigo iminente da contaminação por óleo da água da nascente do Fernandes, caso a área seja mesmo confirmada como zona de extração mineral os danos podem ser ainda maiores. “É só chover que a água vai ser contaminada pelo excesso de óleo que existe aqui, se a água for contaminada, os engenhos da região vão precisar parar. E se parar, o que vai acontecer? É ali na água que você tem qualidade na cachaça, porque a água já vem com essa qualidade da natureza. Vai afetar a renda de toda a região” afirma José Novais.
Para Evaristo Carneiro, presidente da Coopama, cooperativa local de produtores de cachaça, existem mais de 800 alambiques na região, responsáveis por uma produção média de 3 milhões de litros de cachaça por ano. Esta produção movimenta o valor médio de R$ 10 milhões na economia local. “se se concretizar a mineração na região das nascentes do Fernandes e as demais nascentes, seja a da Samambaia ou dos Coqueiros, vai ser um caos para a população como um todo”.
Noticia10/rafaelmartins-mongabay
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