Abrolhos: na rota do “Mar de lama” da Samarco, maior berçário da fauna marinha do hemisfério Sul está a duas semanas do impacto.
A lama com rejeitos de mineração da Samarco já avançou cerca de 55 km pelo litoral do Espírito Santo. De acordo com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), técnicos do instituto constataram, durante um sobrevoo realizado no final da manhã desta terça-feira (24), que os resíduos já se espalharam por 5 km ao sul, 20 km ao leste e 30 km ao norte da foz do Rio Doce, localizada na região de Regência, em Linhares, norte do Estado do Espírito Santo, com um avanço nessas proporções, atingindo uma média de 10 km por dia no sentido norte a preocupação é que em no máximo duas semanas o “mar de lama” possa percorre os quase 250 km e atingir de vez o arquipélago de Abrolhos.
Segundo especialistas que realizam o monitoramento na região, o deslocamento dessa lama é influenciado principalmente pelo comportamento das ondas e da direção do vento. Por esse motivo, segundo eles, é difícil prever com exatidão até que ponto a lama de minério pode chegar. Em alguns pontos é possível perceber onde há mais concentração de rejeitos de minério, já que a água fica com a coloração mais alaranjada. O monitoramento do avanço da lama pelo mar está sendo feito por técnicos do Instituto Chico Mendes (ICMBio), ligado ao Ministério do Meio Ambiente.
Não é possível dizer a que distância os resíduos serão levados, o que dependerá da posição de mar e vento. Segundo boletim do Serviço Geológico do Brasil no sábado, a chegada da água turva à barra está sendo reavaliada em razão de sua passagem por reservatórios de usinas hidrelétricas. “Não sabemos a magnitude do impacto, já que não temos certeza sobre o que chegará. Se o padrão de impacto nas cabeceiras se mantiver, será um arraso na fauna e na flora” prevê João Carlos Thomé, coordenador nacional do Tamar/ICMBio. Essa é uma das regiões com maior biodiversidade marinha do Brasil. É o começo do banco de Abrolhos, onde há ressurgências, com águas frias e ricas em nutrientes, com taxas de produtividade altíssimas.
Próximo à foz, convivem jubartes, dourados, meros, raias mantas. É ali o limite Norte no Brasil das toninhas, golfinho mais ameaçado do país. A região — considerada pelo governo federal área prioritária de conservação — também é ponto estratégico para sobrevivência de botos-cinza. O local é ainda o único ponto no Atlântico Sul ocidental com concentração de desovas de tartaruga-de-couro, espécie mais ameaçada de extinção no Brasil; e 2º maior ponto de concentração de desova de tartaruga cabeçuda, assistidas por uma importante unidade do Tamar em Regência.
Monitoramento na água feito pela prefeitura de Governador Valadares (MG) indicou turbidez 80 mil vezes acima do tolerável na última terça. A quantidade de ferro encontrada em amostras foi 13,6 mil vezes acima desse limite, e a de alumínio, 6.500 vezes. Há previsões pessimistas também sobre a duração dos danos. “Qualquer coisa que sair dali (da foz) pode atingir os recifes de corais de Abrolhos. Se a lama chegar a eles e impedi-los de respirar, serão milhares de anos de recuperação” diz o professor da Universidade Federal do Espírito Santo Agnaldo Martins.
Noticia10/folhavitoria/globo
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