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Notícias - Saúde - 14 de janeiro de 2020

Hospital do Rio de Janeiro utiliza pele de tilápia para tratamento contra queimaduras


Médicos do Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, estão utilizando pele de tilápia para tratar queimaduras. A unidade é a primeira do estado a fazer uso do produto, que começou a ser implantado em dezembro do ano passado, no Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do hospital. Três pacientes fizeram uso e apresentaram cicatrização mais rápida e menos queixas de dor. O material vem da Universidade Federal do Ceará (UFC), sem quaisquer custos. Em meio à crise que atinge a saúde pública, a técnica enche a medicina de esperança e motivação.

— A pele de tilápia é rica em colágeno, resistente e elástica. Tem duas vezes mais colágeno que a pele humana. O nosso centro de tratamento já nos enche de orgulho, mas essa oportunidade de utilizar essa técnica nos pacientes foi muito importante para nosso serviço, tanto no aspecto técnico quanto na valorização profissional. Sabemos das limitações do setor público e dos recursos restritos, mas a iniciativa motivou a equipe do hospital — afirma a cirurgiã plástica Irene Daher, chefe do CTQ.

Irene explica que as tilápias são especialmente criadas para a utilização. O material passa por dois processos de desinfecção antes de ser embalado a vácuo e enviado aos hospitais: uma desidratação sob baixas temperaturas e uma exposição a raios gama (radiação). A parte clínica do estudo é desenvolvida desde 2014 pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da UFC, dentro das normas éticas.

Cirurgiã plástica Irene Daher, do Souza Aguiar Foto: Guito Moreto / Agência O Globo
Quando chegam no hospital, as lâminas de pele são hidratadas e aplicadas diretamente sobre as queimaduras, sem a necessidade de pomadas ou outros insumos. Conforme as lesões cicatrizam, a pele de tilápia vai se soltando Segundo Irene, o curativo com a pele de tilápia é trocado somente a cada dez dias, reduzindo, além da dor do paciente, o custo do tratamento em até 50% e o tempo de cicatrização em 40%.
— Os três casos impressionaram toda a equipe, o quão rápido foi a cicatrização. A técnica reduz riscos de infecção, evita a perda de líquidos dos tecidos e diminui a dor do paciente, que é inevitável no tratamento tradicional, com curativos feitos de gazes e pomadas e que normalmente devem ser trocados no máximo a cada três dias. Esse curativo tem apresentado resultados terapêuticos melhores que a pele de cadáver.

As pesquisas envolvendo a pele de tilápia começaram em 2015, e no ano seguinte os primeiros estudos em queimados foram realizados. Segundo Irene, essas pesquisas têm a aprovação de todos os comitês de pesquisa do Brasil. No Hospital Souza Aguiar, inicialmente a pele de tilápia tem sido utilizada em pacientes com escaldaduras provocadas por água fervente em até 30% do corpo. Dessa forma, duas pacientes com queimaduras graves foram tratadas no primeiro mês com a pele do peixe.
noticia10/extra

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