Uma nova reforma? A revolução católica que se inicia na Amazônia pode enfim permitir que padres se casem.
Os católicos da Amazônia conseguiram que o Vaticano debata oficialmente uma proposta de ordenar homens casados como sacerdotes e mulheres como diáconas. Eles aceitaram o desafio do Papa quando este convocou bispos para um sínodo e pediu propostas “corajosas e inovadoras” para proteger a natureza e os habitantes deste imenso território, de paróquia dispersa, carente de padres e de vocações, e terreno fértil para os evangélicos. A reunião acontece neste mês de outubro no sínodo da Amazônia, que será realizado a 9.000 quilômetros daqui, em Roma.
Se Francisco abençoar a proposta, seria um passo com potencial revolucionário porque significaria o fim do monopólio do celibato adotado há um milênio na Igreja Católica Apostólica Romana. O sínodo, no qual o Pontífice e os bispos da Amazônia também discutirão como proteger as populações nativas e esse riquíssimo conjunto de ecossistemas, deixa os católicos brasileiros tão ocupados quanto esperançosos.
As assembleias preparatórias acontecem há meses. Uma das últimas foi em Manaus, uma das cidades mais perigosas do Brasil, que, no entanto, possui um espetacular teatro de ópera, herança do esplendor da borracha. Cidade incrustada em uma paisagem de densa vegetação e rios sinuosos, as estradas asfaltadas são uma raridade e o trem é inexistente. Viaja-se de barco.
O bispo Damian deixa claro que, se a proposta for adiante, os padres casados seriam apenas para a Amazônia. Entre a hierarquia e fiéis da Igreja do Brasil —a maior do mundo, embora em declínio, são 62% da população— ninguém menciona que seus colegas alemães —a Igreja mais rica do mundo— decidiram discutir o celibato, a ordenação de mulheres e a homossexualidade apesar da oposição do Vaticano.
A última palavra é do argentino Jorge Bergoglio, o primeiro latino-americano e jesuíta do papado. Há muito em jogo dentro e fora da Amazônia. No fim da última missa que reuniu os participantes do encontro pré-sinodal, os fiéis de São Gabriel fizeram um ritual indígena para proteger seus bispos durante a missão no Vaticano.
noticia10/elpais
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