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Brasil - 10 de fevereiro de 2019

Incêndio no Flamengo, clube mais rico do país, acende alerta de segurança em categorias de base

O incêndio no alojamento do Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, que resultou em dez jogadores mortos e três feridos na manhã desta sexta-feira, é a maior tragédia já vivida pelo futebol carioca, mas também um acontecimento emblemático. A tragédia no clube mais rico do país, que tem orçamento anual de 750 milhões de reais e investiu mais de 100 milhões em contratações na última janela de transferências, exibe, até agora, elementos que mostram como o Flamengo não estava em dia com as exigências legais. Também liga o sinal de alerta sobre as condições dos jogadores mantidos em categorias de base, sobretudo em equipes menores – ou nas mais de 700 filiadas à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

 

Segundo o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do Rio de Janeiro, as instalações rubro-negras atingidas pelas chamas não dispunham do Certificado de Aprovação, que atesta o cumprimento de normas de segurança previstas pela legislação. O local, que passou por reforma de 23 milhões de reais e inaugurou um novo módulo para jogadores do time principal no fim do ano passado, estava em processo de regularização de documentos para obter o certificado. Por sua vez, a prefeitura do Rio informou que a área incendiada, descrita pelo clube como estacionamento no último projeto remetido às autoridades, não constava como edificação de dormitório no licenciamento municipal vigente nem tinha alvará de funcionamento.

 

Enquanto o módulo destinado aos atletas das categorias de base recebia ajustes finais para acomodá-los, garotos com idades entre 14 e 17 anos ficavam alojados em uma estrutura provisória de contêineres, onde o fogo teria começado. Peritos avaliam as causas do incêndio, mas, inicialmente, trabalham com a hipótese de curto-circuito no ar condicionado de um dos quartos. De acordo com Felipe Cardoso, de 15 anos, que havia chegado à base do Flamengo esta semana, contratado do Santos, o incêndio teria se originado no aparelho de seu dormitório. Em relato publicado nas redes sociais, ele disse que conseguiu correr e escapar da fumaça antes de as chamas se alastrarem.

 

Embora o Flamengo seja um dos 42 clubes, em meio aos mais de 700 filiados à CBF, que contam com o Certificado de Clube Formador, atribuído às equipes que cumprem requisitos básicos para trabalhar com jovens atletas, não há um mecanismo de fiscalização do cumprimento das regras após a certificação, que, na maioria dos casos, vale por dois anos. “Se uma tragédia dessa magnitude acontece no Flamengo, imagine o risco corrido por crianças e adolescentes invisibilizados nos clubes pequenos?”, questiona Ana Christina Brito Lopes, especialista em direitos da infância no esporte.

 

Entre as vítimas do incêndio, a maior parte é de jogadores de outros Estados que viviam no alojamento. A tragédia poderia ter sido ainda maior, já que, no dia anterior, o clube cancelou o treinamento previsto para esta sexta-feira por causa dos temporais que castigam o Rio de Janeiro. Com isso, garotos residentes na capital fluminense foram dormir em casa. O alojamento tinha capacidade para 60 atletas. Por determinação do Ministério Público, clubes só podem incorporar à base ou alojar jogadores distantes da família a partir dos 14 anos.

A Prefeitura do Rio e a Polícia Civil abriram investigações com intuito de apurar as responsabilidades pelo incêndio, enquanto a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, diz ter acionado a Secretaria da Criança e do Adolescente “para que possamos agir de forma preventiva de modo a evitar novos incidentes como este que aconteceu no CT do Flamengo” e prometeu tomar providências “para que as famílias desses jovens não fiquem sem assistência”.

Noticia10/elpais

 

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