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Política - 25 de janeiro de 2019

Ameaças de morte levam Jean Wyllys a desistir de mandato para deixar o Brasil

O deputado federal reeleito Jean Wyllys (PSOL-RJ) anunciou, nesta quinta-feira, que não irá assumir o novo mandato por ter recebido várias ameaças de morte nos últimos meses e que agora teme pela própria vida. Em sua conta no Twitter, Wyllys agradeceu o apoio dos eleitores e afirmou que preservar sua integridade também é uma forma de luta. “Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!”, escreveu.

O post foi publicado após a Folha de S. Paulo publicar uma entrevista em que o parlamentar revelou que deixaria o cargo público e o Brasil após sucessivas ameaças. Desde o assassinato da vereadora Marielle Franco, em março do ano passado, o parlamentar vive sob escolta policial.

Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé! ✊ https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/01/com-medo-de-ameacas-jean-wyllys-do-psol-desiste-de-mandato-e-deixa-o-brasil.shtml …

Caso assumisse, esse seria seu terceiro mandato parlamentar consecutivo, em que se elegeu com pouco mais de 24.000 votos. Wyllys foi o primeiro parlamentar assumidamente gay a encampar a causa LGBT no Congresso. A vaga deixada por ele será assumida por David Miranda (PSOL-RJ), segundo o site da Câmara dos Deputados. Miranda também tem a pauta LGBTI+ como causa de atuação.

Em entrevista à Folha, Wyllys disse que pesou em sua decisão as informações que familiares de um ex-PM suspeito de chefiar a milícia investigada pela morte de Marielle trabalharam para o senador eleito Flávio Bolsonaro durante seu mandato como deputado estadual pelo Rio de Janeiro. “Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário”, disse ao jornal. “O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”, acrescentou.

O parlamentar disse ainda que desde que Jair Bolsonaro foi eleito, o nível de violência contra ele e as minorias aumentou. Wyllys foi um dos maiores rivais de Bolsonaro na Câmara federal e o confrontou diretamente quando o agora presidente eleito homenageou o coronel Brilhante Ustra, torturador de Dilma Rousseff na ditadura, durante a votação do impeachment dela, em 2016. Após a fala de Bolsonaro, Wyllys cuspiu em direção a ele.

As ameaças sofridas nos últimos tempos por Wyllys fizeram com que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) solicitasse ao Governo brasileiro que tomasse medidas para proteger a sua vida e investigasse as ameaças. “A decisão da CIDH é uma reação da comunidade internacional à inação do Estado brasileiro diante de uma situação que tem se prolongado no tempo e que, no último ano, agravou-se muito”, disse o parlamentar ao EL PAÍS em dezembro do ano passado.

A decisão de abrir mão do cargo foi respaldada pelo PSOL. Segundo Wyllys disse ao jornal, o partido reconheceu que ele se tornou um “alvo”. Seu correligionário Marcelo Freixo afirmou, no Twitter, que a escolha do parlamentar deixar o Brasil é sintoma “deste tempo sombrio em que o ódio tomou a política”. “Jean continuará a militância. E nós daremos continuidade a suas lutas no parlamento”, postou.
Noticia10/elpais

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