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Entretenimento - 13 de julho de 2018

Serra: Feu Rosa se prepara para um dos maiores festivais de graffiti do Brasil

Os muros cheios de arte voltaram a ser brancos. Desta vez não foi mais uma ação desastrada do prefeito paulistano João Dória ou da Prefeitura da Serra. Mas a preparação de um novo ciclo em Feu Rosa. Na próxima semana os muros receberão novas pinturas. Há três anos, o bairro serrano se enche de arte e artistas para a realização do Origraffes – Original Graffiti do Espírito Santo, um festival de graffiti e hip hop que já entrou no calendário nacional de eventos da cena. Com início na próxima segunda-feira (16), o evento segue até o domingo (22), tendo como auge o final de semana, repleto de atividades.

Neste ano serão 140 artistas colorindo o bairro num raio de 250 metros da Praça Central de Feu Rosa. “Como são muitas pessoas, o Festival se reserva ao direito de realizar uma curadoria. Este ano foram mais de 450 inscrições de todo país. Mas sempre aparecem pessoas que não estão na lista, somando e potencializando o festival, pois entendemos que o graffiti não se restringe a um nome em uma lista e sim no intercâmbio, na amizade, no poder de ressocialização e transformação que a linguagem oferece”, explica Starley Bonfim, idealizador e produtor do festival.

São artistas de 15 estados do Brasil que estarão presentes. Para Starley, isso diz muito sobre o Espírito Santo: “Acredito que a iniciativa mostra a autonomia e poder de articulação nacional que o cenário cultural capixaba tem. Pessoas de todas as regiões do Brasil se deslocam para um município com lamentáveis índices de violência em um bairro estigmatizado por estes dados, na intenção de desmistificar alguns estereótipos, além de atingir a comunidade de uma forma muito impactante, movimentando o comércio local”.

O Origraffes vai além da pintura dos murais coletivos. Haverá palestras e workshops, que buscam fortalecer a formação dos agentes culturais e da comunidade, além de batalha de MCs, batalha de break, slam, shows, DJs. “O Festival tem um grande impacto no sentido cultural para Feu Rosa, pois ajuda a desmistificar o que a mídia convencional às vezes tenta enfatizar sobre bairros populares e periféricos. A violência sempre é o carro-chefe de várias noticiários, como se apenas isso existisse na comunidade, deixando de lado muitas vezes as potencialidades culturais, artísticas e esportivas que movimentam o bairro”, analisa Starley, que é morador de Feu Rosa, local que possui tradição na cena da cultura urbana.

O festival nasceu na verdade de maneira despretensiosa a partir do coletivo FG Crew, do qual Starley faz parte, com a sobra de materiais em spray de projetos anteriores. “Após um momento de reflexão, cheguei à conclusão que essas latas poderiam potencializar algo bem maior. Inicialmente a ideia era botar uma caixa de som na rua, fazer um churrasco e chamar os amigos para pintar. Em seguida socializei a ideia com o coletivo e geral abraçou”.
Noticia10/seculodiario

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