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Entretenimento - 9 de julho de 2018

IRMÃO DO JOREL: cartunista capixaba traz política e representatividade em desenho infantil.

Em 2014, um protagonista sem nome, mas com muito carisma, chegava às telas da Cartoon Network – e, apesar de ter como público-alvo crianças entre 7 e 11 anos de idade, “Irmão do Jorel” conquistou todo mundo e em 2016, foi o desenho mais visto na emissora pelo público infantil. A ideia, do autor Juliano Enrico, nascido e criado no Espírito Santo, surgiu quando ele começou a compartilhar fotos da sua família no extinto Fotolog, dividindo suas experiências nos anos 80 e 90, e também recebendo histórias dos seus seguidores, com isso, ele começou os seus primeiros esboços.

A grande sacada do desenho é que quase toda família brasileira cabe dentro dela. Encontramos o Irmão do Jorel, a criança que não se encaixa, não tem nome e vive à sombra dos irmãos mais velhos. Nico, o irmão do meio, representa àquele integrante da família que vive aleatório, com seu jeito despreocupado e seus gostos que vão na contramão do resto dos familiares. Jorel, o mais velho, é o mais belo, talentoso, o famigerado “menino dos olhos”, todos morrem por ele, no desenho ele não tem nenhuma fala, seu papel é apenas brilhar.

Os três são filhos de Edson e Danuza, o pai um “ex revolucionário” da época da ditadura, a mãe, uma leoa “fitness” que faz de tudo por sua família. Netos da doce Vovó Juju, a típica vó sonho clássico de todo neto, não se cansa de enfiar comida em todo mundo e também da Vovó Gigi, que representa aquelas avós vaidosas, perfumadas e que nunca saem de frente da TV. O personagem principal não tem nome, a todo tempo é apenas chamado de “Irmão do Jorel”, ele pode ser todo mundo e qualquer um, enquanto vemos o desenho, cada um de nós se sente um pouco na pele do garotinho de 9 anos, seus problemas, angústias, amores e vontades. No final da abertura do desenho, aparece um caderno encapado em plástico azul, com bolinhas brancas, na parte inferior da capa, um adesivo com o nome do dono, quem não teve um caderno assim nos anos 90?

Um episódio que impressiona é o segundo da primeira temporada, Gangorras da Revolução, onde o personagem principal inicia uma tomada de poder no recreio da escola, o motivo: bom, podemos dizer que ele queria mais tempo para brincar! O episódio mostra de forma dinâmica a fragilidade do poder, suas amarras invisíveis, coisa que só os adultos conseguem captar melhor (Brasil, 2016, golpe, alguém se lembra?), enquanto para as crianças que o assistem, mostra de forma explícita a vontade de quase todo mundo que já esteve na 4ª série. Vale também ressaltar, que quando os militares chegam para abafar a “rebelião”, eles estão vestidos de palhaços, bastante simbólico.

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