Sob pressão, Temer recua e reavalia reforma ministerial ampla
Sob pressão dos partidos de sua base aliada, o presidente Michel Temer recuou e vai reavaliar a decisão de fazer uma reforma ministerial ampla no fim desse ano -em que sairiam do governo todos os políticos que disputarão eleições em 2018. Temer agora estuda fazer substituições pontuais no primeiro escalão nas próximas semanas para contemplar as siglas de sua coalizão, redistribuindo os demais cargos de forma fatiada apenas nos meses seguintes.
Após reação negativa de pelo menos cinco partidos, o presidente passou a considerar novos cenários para fazer em duas etapas as mudanças que serão determinantes na fase final de seu governo. Nesta quarta-feira (15), em conversa reservada, Temer disse que fará apenas um ajuste em dezembro, uma vez que uma alteração ampla neste momento pode prejudicar os resultados de sua administração.
Em conversas com aliados, ele afirmou ainda que vai ouvir presidentes e líderes das siglas da base e admitiu que é praticamente impossível adotar o critério eleitoral como norma geral. O presidente já começou a rediscutir as regras que deve adotar para redistribuir os ministérios. A linha de corte das eleições ainda é considerada o principal critério, defendido pelos principais auxiliares de Temer: os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil).
Moreira disse nesta quarta-feira (15) à Folha que exonerar os ministros que disputarão as eleições “é bom para o país, mas nem tanto para o governo” e que o presidente ainda está avaliando os critérios que utilizará em sua reforma ministerial. O Palácio do Planalto está disposto a negociar a permanência de alguns ministros que vão disputar eleições. Henrique Meirelles (Fazenda), Gilberto Kassab (Comunicações) e Marcos Pereira (Indústria e Comércio Exterior), por exemplo, ainda não decidiram se disputarão eleições.
Eles poderiam ficar em seus postos até o início de abril, quando a legislação eleitoral obriga que os futuros candidatos deixem seus cargos. Temer também vai estudar os pedidos de outros ministros que querem continuar no cargo até essa data. Os políticos que ocupam os cargos de primeiro escalão reclamam que a saída prematura de suas pastas, antes do fim do ano, os impediria de colher os benefícios dos projetos desenvolvidos pela máquina federal -com impacto em suas bases eleitorais.
Integrantes do governo dizem ser provável a realização de uma reforma por etapas. A primeira mudança deve ser a nomeação de novos ministros para os cargos ocupados pelo PSDB, que está em processo de desembarque do governo, e substituições em outras pastas. Aliados de Temer dizem que Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), alvo de críticas frequentes de partidos do “centrão”, pode ser deslocado para o Turismo. O atual ministro, Marx Beltrão, sairia do cargo porque deve trocar o PMDB pelo PSD, que já tem dois postos no primeiro escalão.
Noticia10/folha
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