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Brasil - 5 de dezembro de 2016

A seca extrema avança no Nordeste

 

Nem sempre uma fogueira de São João serve de metáfora aos castigos da seca sobre a terra ardente, como cantava Luiz Gonzaga em Asa Branca. Em Sousa, município do Sertão da Paraíba, a tradicional festa popular serviu em 2015 de alento para quem espera a volta de chuvas abundantes na região.

Após cinco anos de estiagem no Nordeste, o município lançou o programa São João das Águas. Em lugar de contratar atrações musicais com cachês astronômicos, a prefeitura preferiu convocar trios de forró com músicos locais a preços modestos. A economia serviu para bancar a perfuração de 130 poços para captação de água, inaugurados sob o ritmo do triângulo e da zambumba.

Diversos açudes na região estão em situação crítica. Dos 107 açudes pernambucanos, 67 estão em estado de colapso: operam a menos de 10% de sua capacidade. Na Paraíba, o panorama é semelhante. Dos 126 reservatórios estaduais, apenas 30 têm capacidade armazenada superior a 20% de seu volume total. Atualmente, 67 açudes operam com menos de 5% de suas capacidades.  O impacto da estiagem sobre a produção agropecuária no Nordeste impressiona. Um levantamento recente da Confederação Nacional dos Municípios aponta que, entre 2013 e 2015, a estiagem causou um prejuízo de 103,5 bilhões de reais na região.

Mesmo estados que historicamente não costumam apresentar estiagens graves têm sofrido com a falta de chuvas. No Maranhão, 60% do território encontrava-se, em agosto, em situação de seca extrema. Segundo um relatório do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos, em agosto de 2014 e 2015 não foi registrada no estado uma situação de estiagem que merecesse a classificação emergencial.

O baixo índice de chuvas entre outubro de 2015 e a primeira metade deste ano impactou fortemente a produção na região sul do Maranhão: apenas 50% dos 700 hectares previstos para a safra de soja foram plantados e as perdas no setor da pecuária foram estimadas em 50 milhões de reais. Embora o Ministério da Integração Nacional tenha disponibilizado recentemente 30 bilhões de reais para mitigar os efeitos da seca, a transposição do Rio São Francisco, principal obra federal para abastecer o Nordeste, ainda não foi concluída.

A Agência Nacional de Águas prorrogou até março de 2018 o início da operação do projeto. Uma das principais bandeiras dos governos de Lula e Dilma Rousseff, o empreendimento pode assegurar o abastecimento de água para 12 milhões de moradores dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, justamente aqueles mais afetados pela estiagem dos últimos anos.

Noticia10/ Miguel Martins

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