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Brasil - 5 de outubro de 2016

Amazônia: uma imensidão de riquezas ainda pouco desconhecida.

 

Muito comentada, mas pouco conhecida pela maioria da população. Assim é a Amazônia, maior reserva florestal do mundo, que ocupa mais de 60% do território nacional. É importante ressaltar, no entanto, que a Amazônia não é um patrimônio exclusivamente brasileiro, apesar da maior parte de seus recursos naturais estarem concentrados no Brasil. Bolívia, Colômbia, Equador, as duas Guianas, Peru, Suriname e Venezuela também integram o que se convencionou chamar de Pan-Amazônia, conceito que leva em conta não só a questão geográfica, mas também a identidade entre os povos que habitam essa região.

Apesar da enorme fronteira e da variedade de produtos, o comércio ainda é incipiente entre os países da Pan-Amazônia. “Há várias riquezas, mas os países não comercializam entre si”, explica Pedro Siva Barros, diretor de Assuntos Econômicos da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).  “Essa integração tem de se dar pelos rios e pela indústria naval fluvial. A possibilidade de integração desse setor tem grande potencial”, frisa o dirigente. Durante o governo do ex-presidente Lula, a Universidade Federal do Pará (UFPA) criou o curso de Engenharia Naval para ajudar a suprir essa deficiência.

“As nossas estradas são os nossos rios”, explica a reitora da Ufam, Márcia Perales Mendes Silva. Por isso, quando se pensa em desenvolvimento da região, eles são condição sine qua non para o início de qualquer debate. Para se ter uma ideia de sua importância, basta verificar as condições geográficas da maioria dos municípios da Amazônia. Manaus é literalmente uma ilha. Para se chegar à capital do maior estado brasileiro, só de barco ou avião.  A única ligação por terra da cidade com o resto do país, não é nem é levada em consideração pelos manauaras devido às condições de extrema precariedade da estrada.

Mas a importância dos rios amazônicos transcende o caráter apenas da integração nacional. Eles superam as fronteiras de cada país. A biodiversidade supranacional está interligada, perpassa limites geográficos. A ex-presidente do Equador Rosalia Arteaga ressalta que a Amazônia não se sustenta sem os Andes. “Tem de olhar de onde vem a água. A água do (rio) Solimões vem dos Andes. E essa água é rica em biodiversidade. Se há o comprometimento dessa água lá (nos Andes), acaba refletindo aqui.”

Para o físico e ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), professor Ennio Candotti, a integração Pan-Amazônica não pode descartar a vivência  universitária entre seus países. Ele defende a livre circulação de estudantes nas universidades pan-amazônicas para que adquiram conhecimentos sobre a região. “É preciso promover a mobilidade entre esses estudantes e a troca de conhecimento”, afirma ao se referir ao fato de que a maioria dos estudantes que saem do país para estudar vão para a Europa e os Estados Unidos.

A importância estratégica da região atrai a atenção do Exército. “A Amazônia é prioridade para o Exército”, afirma o comandante Militar da Amazônia, general Geraldo Antonio Miotto. Segundo ele, a força terrestre tem 21 mil soldados na região. São 24 pelotões espalhados pelos mais de 10 mil quilômetros de fronteira.  Mas todo esse efetivo tem sido ineficaz. “Tem muito desmatamento, pistas de pouso ilegais, tráfico de animais silvestres”, reconhece o militar. Ele defende a regulamentação das riquezas. “Enquanto não regulamentar, vai ter contrabando. O nióbio sai por aí. Há um vazio de poder, de Estado”, justifica o general.

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