ES: extermínio de jovens é foco de debate no Estado.
O Espírito Santo é o segundo em mortes de jovens entre 16 e 17 anos, conforme revelou recentemente o Mapa da Violência. Para debater o extermínio de jovens, a Comissão de Cidadania recebeu na tarde desta terça-feira (15), em reunião ordinária, representantes do Conselho Estadual da Juventude (Cejuve).
O vice-presidente do Cejuve, João Victor dos Santos, destacou que existem duas maneiras de matar: da forma letal e também com a negação dos direitos. “Nosso estado tem um dos piores índices de homicídios da juventude e também contra mulheres, e são principalmente as mulheres jovens e negras que são exterminadas. Ser jovem não é crime, então temos que tratar da criminalização da juventude, que mata nos direitos, na ausência de política cultural e na educação. Falar sobre o extermínio não tem como não falar sobre esses pontos, que são primordiais para a garantia dos direitos da nossa juventude”, afirmou.
A população dos municípios é geralmente composta por 27% de jovens, conforme explicou o presidente do Cejuve, Gustavo Badaró. Mas, a cidade de Viana, tem um índice muito maior, de 40% de jovens. “É que lá que estão os presídios. A partir do momento que está preso, está domiciliado e o impacto é tão grande que faz a anomalia surgir em números. Mais de 80% da população carcerária é jovem e a ampla maioria negra. Está na hora de observar as cotas garantidas para negros na periferia e nas cadeias e nós, brancos, estamos em alguns locais da sociedade”, criticou. Badaró questionou, ainda, o fato do Estatuto da Juventude ter sido aprovado, mas não ser implementado de fato.
O deputado Padre Honório (PT) também repercutiu sobre a situação carcerária. “Concordo que, hoje, a punição é maior para negros e jovens. Acredito que nos presídios, mais de 90% seja negro, pobre e jovem. É uma faixa etária totalmente desprotegida e gostaria de estar sendo solidário a essa luta que pertence a toda sociedade”, disse.
Para o deputado Sergio Majeski (PSDB), responsável pelo convite, a falta de vontade política dificulta a mudança na sociedade. “Se agentes funcionassem adequadamente para fins que ocupam os postos, então grande parte dos problemas estariam sanados. A gente tem que estar disposto a trabalhar pela sociedade. No dia que os partidos e políticos pararem de trabalhar próximo à eleição e passarem a trabalhar para a sociedade vamos melhorar muito”, frisou.
Quem também repercutiu o extermínio de jovens foi o parlamentar Dary Pagung (PRP). “Eu fico pensando como o ser humano, ainda no século 21, consegue tratar as pessoas com tanta diferença do pobre, do rico, do negro, mas infelizmente ainda tem. O bom seria fazer políticas públicas para ser humano e não ter essa diferença de cor e raça. Estamos tão atrasados que estamos tratando as pessoas com tanta diferença. Temos a certeza que temos muita coisa para fazer”. avaliou.
A próxima semana será dedicada ao debate contra o extermínio de jovens, com o tema “Ser jovem não é crime” e o subtema contra a redução da maioridade penal. Em 2011, foi sancionada lei de autoria do ex-deputado Claudio Vereza, que instituiu a semana e a incluiu no calendário oficial de eventos do Estado. Na mesma proposição, foi definida a data de 21 de setembro como o Dia Estadual do Combate ao Extermínio de Jovens.
Na programação, está previsto que dos próximos dias 20 a 25 serão realizadas diversas atividades como palestras, oficinas, debates, entre outros. Na quarta-feira (23), o local de encontro será a Assembleia Legislativa, com a realização de audiência pública sobre o tema, às 19 horas.
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