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Entretenimento - 14 de julho de 2015

Chico César fala de corrupção na música, mas diz: “política não é esgoto”

 

O cantor e compositor paraibano Chico César passou seis anos imerso na política antes de entrar no que chama de “Estado de Poesia”, nome de seu primeiro disco em sete anos, lançado neste mês pelo projeto Natura Musical. Foi presidente da Fundação Cultural de João Pessoa em 2009 e Secretário de Cultura do estado da Paraíba em 2010, no governo de Ricardo Coutinho (PSB). Saiu enfraquecido, segundo os críticos, principalmente depois de disparar contra o que chamou de “bandas de forró de plástico”.

A política, no fim, não saiu de seu radar e norteou a conversa com o UOL em sua casa, em São Paulo. Para Chico, a corrupção é uma prática inerente ao sistema, inclusive no meio artístico. “Há uma associação entre empresários de bandas, secretários de cultura, mulheres de prefeito. É uma clientela”, diz ele. Em contrapartida, se diz otimista: “A política é uma atividade muito nobre. Não acho que seja o esgoto da sociedade”. Ao relembrar da série “Sex and the City”, que adorava assistir na TV, diz que a classe média vai precisar ser menos consumista no futuro, e sentencia: “Acho inevitável a volta de Lula”.

Em sua volta a São Paulo, no início do ano, Chico se cercou de jovens músicos de sua terra natal e se abriu para o amor no retorno ao estúdio. Na primeira parte do disco, o sentimento tem nome: a paraibana Bárbara Santos, paixão à primeira vista. É para ela canções como “Caracajus”, escrita quando Chico estava em Caracas, onde cantou no velório de Hugo Chávez, e Bárbara em Aracaju. Os versos são apaixonados — e sensuais: “A fruta de seus lábios / a alma saindo pela boca / os lábios de sua fruta calma / derramando em calda a polpa”.

No lado B, pulsa outro tipo de amor: social e político. Há canções sobre a negação do racismo em “Negão”, opressão aos gays em “Alberto” e a história de dois mendigos que são expulsos de uma praça perto da sua casa em “No Sumaré”, bairro paulistano onde mora desde que estourou com “Mama África”, em 1996. O disco se encerra em tom épico, com a dylanesca “Reis do Agronegócio”. Convidado por indígenas, que ocuparam o Congresso Nacional no Dia do Índio deste ano, subiu em plenário e, tal qual um trovador, cantou os versos sobre o “agrebiz feroz, desenvolvimentista”, com dedos apontados ao “ruralista cujo clã é um grande clube, inclui até quem é racista e homofóbico”.

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