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Polícia - 15 de maio de 2015

ES: Estado lidera mortes de jovens por tiros, em sua maioria negros da periferia.

 

O Espírito Santo é o Estado com o maior índice de Vitimização Juvenil, o que significa que desponta no primeiro lugar no ranking nacional em mortes de jovens por armas de fogo. O dado é do Mapa da Violência 2015, divulgados, ontem, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Em todo o país, os jovens são as maiores vítimas das mortes por armas de fogo. No Espírito Santo, a taxa de óbitos da população jovem é de 91,8 por 100 mil habitantes, quase o dobro do país, que é de 47,6 por 100 mil. O estudo considera “jovem” a população de 15 a 29 anos. Os capixabas de 19 anos são as principais vítimas no Estado. No ano de 2012, 886 jovens foram assassinados, somente por armas de fogo.

De acordo com o sociólogo Júlio Jacobo, responsável pelo estudo, o levantamento contribui para a reflexão sobre os números, que deve motivar ações de enfrentamento. “Não podemos ter conivência com essa monstruosidade que é ver tantas vidas sendo mortas por armas”, disse. Ele acredita que o alto índice deve-se à grande circulação de armamento no país. “Há uma estimativa que temos aproximadamente 16 milhões de armas de fogo circulando no Brasil. Devemos corrigir isso com fiscalização mais rigorosa”, sugere.

No Espírito Santo, entre os anos de 2003 e 2012, houve uma redução de 38,1% de mortes de brancos por arma de fogo, em contrapartida, registrou um aumento de 44% de mortes de negros. Os dados do levantamento, correspondentes ao ano de 2012, são do Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. O SIM é baseado nas declarações de óbito expedidas no país, contendo local e características das vítimas.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, atribui a alta taxa de homicídios no Brasil à impunidade, à cultura da violência e à tolerância institucional. há a tolerância institucional, com a culpabilização da vítima. Não estamos conseguindo institucionalmente enfrentar a violência. As taxas [de homicídio] só estão aumentando”, disse.

Waiselfisz destacou que a juventude pobre está sendo exterminada no país, “mas coincide, no Brasil, que ser negro é ser pobre”. Segundo o sociólogo, as políticas públicas atuais não são suficientes para frear a elevada vitimização dos jovens negros e as projeções indicam que o problema continua a aumentar.

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