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Polícia - 24 de abril de 2015

MG: Projeto resgata autoestima de mulheres presas por meio de oficinas audiovisuais

 

O Presídio Feminino José Abranches Gonçalves, localizado em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi o cenário para a produção de um audiovisual que retrata os anseios e os sentimentos das mulheres presas. O projeto, denominado Laboratório Multimídia Móvel, realizou-se no período de março a dezembro de 2014 com o objetivo de levar até o presídio tecnologia digital que pudesse transformar de alguma forma a realidade das detentas.

A presa Ana Carolina dos Reis, por exemplo, com uma câmera na mão, conseguiu registrar cenas importantes para a composição final do documentário, relata o publicitário Diogo Torino, responsável pelo projeto. Outras detentas, que igualmente nunca haviam tido contato com equipamentos de gravação, imagem e som, participaram da produção do vídeo e foram estimuladas a se expressar artisticamente por meio de ensaios teatrais, dança e composição de músicas e poesias.

O Laboratório Multimídia Móvel contou com o apoio do ator Marcos Eurélio Pereira, que já realizava na unidade prisional a oficina de teatro “Despertando o Sentir”. A parceria entre Marcos Eurélio e Diogo Torino resultou em 231 fotografias, cerca de seis horas de vídeo não editado, 20 minutos de depoimentos, duas músicas produzidas e gravadas e um audiovisual com duração de quinze minutos. Foram cerca de 20 encontros com as detentas ao longo do ano, com registros semanais das aulas de teatro, dança e música.

A quadra da unidade prisional se transformou em palco e o almoxarifado em um pequeno estúdio de gravação. Ali, naqueles ambientes, as presas descobriram uma nova forma de manifestação cultural, seja por meio da música ou da expressão corporal. “Sem violência, sempre na humildade, estamos conquistando a nossa liberdade”, cantou um grupo de detentas, durante a gravação de uma das músicas que compõe o projeto.

Para a diretora de atendimento da unidade, Adriana Cardoso de Oliveira, o projeto foi importante para promover a equidade entre as internas, já que todas puderam participar, inclusive as dependentes químicas e as pacientes psiquiátricas. “Percebemos melhoras significativas em algumas pacientes psiquiátricas. Inserir também as dependentes químicas e perceber o quanto o comportamento delas melhorou é uma conquista muito grande,” conta Adriana.

O responsável pelo projeto define o Laboratório Multimídia Móvel como uma possibilidade de propiciar a produção de arte digital por comunidades ou grupos de pessoas com pouco ou nenhum acesso a tecnologia. “O laboratório cabe dentro de uma mochila. Eu carrego os meus equipamentos e com eles posso estimular a criatividade das pessoas envolvidas no projeto, levando até elas tecnologia que muitas nunca tiveram contato”, observou Diogo Torino.

Foi isso que aconteceu com a detenta Aline Alves Jorge, a MC Lobinha. “Sempre fui uma presa muito difícil. Eu não tinha boa conduta. O teatro e a música me transformaram”, relata Aline. A jovem, de 23 anos, está presa há dois anos e cinco meses por tráfico de drogas. O projeto, segundo ela, permitiu vivenciar uma nova realidade. MC Lobinha, nome artístico criado pelas próprias colegas da unidade prisional, já era compositora antes de ser presa, mas cantar as próprias letras só foi possível depois da participação no Laboratório Multimídia Móvel.

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