Ferida no colo do útero, o que pode ser? Médica explica
Se o ginecologista aponta que há uma ferida no colo do útero, é natural surgir uma enorme preocupação, principalmente porque é comum associar o problema ao câncer do colo do útero. Mas será que há mesmo uma ligação? Por que a ferida surge? Qual é o tratamento? Para esclarecer essas e outras dúvidas, conversamos com a ginecologista Dra. Maria Elisa Noriler, que explica tudo sobre o tema.
O que é?
O colo do útero tem o nome técnico de cérvice e, por isso, uma inflamação básica ou lesão no local é chamada de cervicite. Ela pode ser infecciosa, causada por fungo, bactéria ou protozoário, e se não for tratada corretamente pode virar uma inflamação crônica e levar a uma ferida no colo do útero.
Alterações hormonais
As alterações hormonais do corpo da mulher são comuns ao longo da vida. Dessa forma, as feridas ocasionadas por essas alterações vão melhorar naturalmente, assim como surgiram. Durante a gravidez, por exemplo, a mulher pode ter o nível de estrogênio elevado e isso pode causar alguma ferida. Porém, ela só precisa esperar o processo natural da gestação, e com o tempo a ferida desaparece.
Pílula anticoncepcional
A médica explica que o uso do anticoncepcional de alta dosagem pode causar a ferida. “Com a alta exposição de estrogênio em pílulas de alta dose, há ectopia de colo, onde aparece um tecido que tem que ficar lá dentro”. A boa notícia é que ela desaparece naturalmente. “É um processo fisiológico ocasionado por hiper-estrogenismo e pode acontecer em usuárias de contraceptivos hormonais de altas doses”, ressalta.
Para quem já tem a ferida, a pílula pode fornecer doses de estrogênio prejudiciais à saúde. “Pacientes que usam anticoncepcional de altas doses podem ter alteração na mucosa endocervice, o que deixa a parte interna do colo mais exposta, visível e mais sensível”, explica a médica, que alerta que isso pode gerar o que é chamado de ectopia, quando o tecido de revestimento interno do colo pode ir para fora do orifício externo e, consequentemente, ficar mais exposto à ação das bactérias da vagina. Por isso, o mais indicado nesses casos são contraceptivos de menor dosagem hormonal possível para não estimular o crescimento do tecido glandular ectópico.
HPV
É possível contrair lesões no colo do útero pelo papilomavírus humano (HPV). A relação sexual é a principal forma de contágio, mas também pode acontecer por meio do uso compartilhado de sabonetes e banheiros públicos ou outras áreas comuns, como uma piscina que esteja contaminada pela bactéria Gardnerella. Por isso, é preciso ficar atenta às condições de higiene em ambientes comuns e se proteger em todas as relações sexuais usando camisinha.
Pode ser câncer?
Muitas mulheres se preocupam com a ferida no colo do útero imaginando que esse pode ser um sintoma de câncer. Porém, a médica acalma e garante que não é sempre que esse sinal é um indicativo da doença. Contudo, é preciso sempre procurar ajuda médica para tratar possíveis feridas, já que, principalmente as causadas por HPV, podem evoluir para essa patologia. “As feridas relacionadas com alterações intracelulares e persistentes pelo vírus do HPV podem evoluir para o câncer de colo de útero”.
Sintomas
A médica afirma que quando a lesão surge pelo HPV não se vê nada, o colo não aparenta alterações, além de não ter secreção e as lesões iniciais só aparecem no Papanicolau. Mas é possível identificar outros tipos.
Secreção vaginal
A secreção vaginal pode denunciar possíveis feridas. Fique de olho quanto à aparência do corrimento
Entre os sinais que podem indicar a inflamação estão a secreção vaginal com odor, coceira e um corrimento branco, esverdeado ou até amarelo. “O aspecto da secreção sugere qual é o agente causador”, explica Maria Elisa. Mas é preciso ficar atenta, pois nem sempre dá para detectar o problema apenas com o exame clínico. Uma dica é saber como diferenciar secreção normal de corrimento e procurar um médico.
Sangramento na relação sexual
Uma das mais sintomáticas, a transmissão por relação sexual é originada por um protozoário, que causa uma lesão no colo do útero com aspecto de framboesa, deixando-o irritado e apresentando sangramento na relação.
Tratamento
A ginecologista explica que a cauterização não é mais utilizada. Trata-se com remédios e cremes. A ginecologista recomenda que a mulher que tem a ferida procure seu ginecologista e trate a causa desta ferida, que pode ser infecciosa por bactérias ou vírus, podendo até “diminuir a dose de hormônios do contraceptivo se ela estiver usando algum com altas doses de estrogênio”.
Cauterização é a melhor opção?
Dra. Maria Elisa explica que a cauterização elétrica está em desuso. “Antigamente usava-se a cauterização elétrica que lesava a área exposta. Ao cauterizar a região, o procedimento levava embora tecido sadio”.
A ginecologista afirma que agora os médicos optam pelo tratamento epistêmico via oral e tratamento tópico com cremes vaginais. Os cuidados, que duram de 7 a 14 dias, também podem ser feitos à base de antibióticos e antifúngicos. “O creme utilizado tem ação cicatrizante tendo o mesmo efeito da eletrocauterização, ajudando a cicatrizar a área lesada”.
É possível engravidar tendo ferida no colo do útero?
Para as mulheres que já tiveram alguma inflamação ou até a ferida no colo do útero, é possível engravidar normalmente. Segundo a especialista, a lesão não as impede de engravidar futuramente.
Contribuição bolsademulher/noticia10
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