Mucuri: Suzano, bem supérfluo ou um mal necessário?
Prestes a completar 25 anos de atividades industriais no extremo Sul da Bahia, a unidade “Mucuri” da Suzano Papel e celulose, localizada no Distrito de Itabatan, município de Mucuri, uma das líderes mundiais do setor, começa a enfrentar um grande dilema, os questionamentos por parte da comunidade regional quanto ao custo benefício da sua operação industrial. Com uma cadeia produtiva um tanto reduzida para a imponência das cifras ostentadas pela companhia, a empresa vem acumulando quedas acentuadas e consecutivas do seu prestígio, muito pela implantação da política de lucratividade, onde exclui e segrega socialmente sua vizinhança, oprime seus colaboradores e degrada o meio ambiente, por esses e tantos outros motivos já se pergunta se valeu a pena!
Em Itabatan, por exemplo, onde a unidade da Suzano está instalada é latente a insatisfação popular para com a empresa, o que se apresentou no final da década de oitenta como a garantia de futuro da região vem se configurando como um verdadeiro presente de grego para o distrito que com pouco mais de 22 mil habitantes é um dos maiores distritos do Brasil. O distrito sofre com um elevado custo de vida, uma forte especulação imobiliária e um grande empobrecimento do fluxo de dinheiro circulando na comunidade, o preço a se pagar por quem hospeda uma das maiores produtoras de papel e celulose do mundo.
A Suzano “ranqueou” a região do Norte do Espírito Santo e Sul da Bahia como a maior área de floresta de eucalipto do mundo, transformando comunidades de base agrícola em um extenso deserto verde, poluindo rios, dizimando comunidades e criando inúmeras ilhotas de miséria ao longo de suas milhares de hectares de plantio de eucalipto. Pequenos produtores rurais, Comunidades quilombolas e ribeirinhos foram atropelados pela “avalanche” desenfreada do progresso opressor, onde não se respeitou cultura, terras e nem a vida, levando dezenas de pais de família a perderem suas vidas ao longo desses anos, desenvolvendo estados crônicos de depressão.
O fator econômico que foi exaustivamente usado para justificar o empreendimento que mais tarde viria transformar essa região no polo mundial de papel e celulose não passou de mero engodo político, o crescimento da economia e o fortalecimento do comércio entraram para o folclore regional como meras lendas urbanas. Exemplos não faltam, como o da Bello fruit, empresa que também está no município de Mucuri, uma das maiores exportadoras de mamão do Norte e Nordeste do Brasil e que não vende um mamão para o restaurante da Suzano, mesmo este tendo um consumo mensal de quase vinte toneladas da fruta.
Para uns a Suzano é um bem supérfluo, acreditam que a região viveria muito bem sem a empresa, outros acreditam que a Suzano é um mal necessário, para esses encontrar mecanismos de convivência será de fundamental importância para os outros vinte e cinco anos vindouros. Independente da visão que se tenha da Suzano, um detalhe no consenso chama a atenção, a condição de matriz vetor de crescimento da economia regional exercida pela empresa poderia ser convertida de forma eficaz na solidificação do desenvolvimento da região onde vem fincado suas bases de atuação tanto industrial quanto florestal, agregando valores a cadeia produtiva do eucalipto que tem estrutura para ser maior e mais diversificada.
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