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Educação - 8 de abril de 2015

MG: Detentos de Ubá reformam mais de 100 carteiras de escola estadual

 

Seis detentos do Presídio de Ubá, na Zona da Mata, reformaram mais de 100 carteiras da Escola Estadual Senador Levindo Coelho, que é vizinha de muro da unidade prisional. O trabalho foi executado por custodiados integrantes do projeto de reinserção social “Mudando a Realidade”, desenvolvido pela direção do presídio, em parceria com o grupo do Interact Clube de Ubá (composto por adolescentes de 12 a 18 anos, que realizam ações sociais na comunidade). Eles foram responsáveis por angariar os recursos necessários para a reforma das carteiras.

Matheus Santana é aluno da Escola Estadual Senador Levindo Coelho e integra o grupo Interact Clube de Ubá. Ele e alguns colegas de escola identificaram o problema e vislumbraram que a solução poderia estar do outro lado do muro. “Percebemos a necessidade de reformar as carteiras porque alguns alunos tinham que buscar em outras salas e, ao mesmo tempo, havia muitas sem condição de uso. Como estávamos sem mão de obra para a reforma desse material, procuramos o diretor do presídio de Ubá, que já é nosso parceiro em outros projetos. Ele aceitou o pedido imediatamente. Nós fizemos rifas e vendemos doces em portas de igrejas para conseguir juntar os R$1.400 necessários para as reformas”, conta Matheus.

O diretor geral do presídio, Alexandre Henrique, disse que o processo de seleção dos detentos foi minucioso, principalmente por se tratar de um ambiente escolar. “No início, eles se deslocavam para a escola, acompanhados de agentes penitenciários. Mas o juiz de Direito da Vara Criminal, da Infância e da Juventude da Comarca de Ubá, Nilo Martins, permitiu que eles fizessem o trajeto sem a escolta, após perceber o bom trabalho que o grupo de detentos estava desempenhando”, ressaltou o diretor.

Os presos fizeram a reforma das carteiras entre fevereiro e a primeira quinzena de março. Entretanto, o sucesso da iniciativa foi tamanho que eles continuam trabalhando na manutenção e limpeza da escola. Se o detento cometer alguma falta, ele é eliminado do projeto, sem possibilidade de retorno.

Segundo Alexandre Henrique, é visível a melhoria de ambiente no presídio depois da implantação do projeto Mudando a Realidade. “Não temos mais problemas com princípios de motins e presos indisciplinados, pois todos querem trabalhar e apresentam bom comportamento, que é um dos critérios para participar do projeto. E o preso condenado é utilizado como multiplicador de conhecimento para o custodiado que está em prisão provisória”, conta o Alexandre.

O diretor de segurança do presídio, Nelson Sales, explica que o Mudando a Realidade nasceu com a proposta de revitalizar prédios públicos com emprego da mão de obra de detentos do presídio de Ubá. Em um ano o projeto profissionalizou aproximadamente cem presos. “Percebemos que os detentos saíam e voltavam para a unidade penitenciária sem passar por uma qualificação profissional, que poderia quebrar esse ciclo de reincidência. De todos que participaram do projeto, apenas um voltou para o presídio. Isso representa uma grande vitória”, diz Nelson.

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