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Entretenimento - 16 de dezembro de 2014

Com vergonha do palco, filho de Caetano lança primeiro EP de sua banda

 

Com dicas da mãe, a empresária Paula Lavigne, e o apadrinhamento de Milton Nascimento, Tom comemora as canções feitas em parceria com o vocalista e tecladista José Ibarra e posa junto de seu grupo com desenvoltura e sem pudores. Apesar disso, ele afirma que não participa dos shows da própria banda por timidez. “Quem sabe um dia eu vá tocar… não sei. Tenho que me preparar. Não toco nenhum instrumento elétrico e também tenho um pouco de vergonha de palco.”

O primeiro single da Dônica, “Bicho Burro”, é uma dessas composições. “Eu comecei a compor quando fiquei amigo do Zé. Foi meio que de brincadeira.” A primeira letra da parceria fala de uma mulher que usava drogas. “Demos o nome da música de Dônica. Depois de um tempo, descobrimos que Dônica era um derivado de ‘dona’ em italiano.” Virou o nome da banda.

Outra composição de Tom, “O Sol, Eu e Tu”, escrita em parceria com o pai e Cézar Mendes, foi gravada pela fadista portuguesa Carminho. Ele, no entanto, nega qualquer influência direta ou dicas de Caetano em seu trabalho. “Eu mostro minhas composições, mas ele nunca dá palpite. Não mexe em nada, só diz se gostou ou se não gostou. Geralmente gosta”, explica.

Desde a entrada de Tom, o rock progressivo se tornou um norte para a banda, embora exista, no som dos cariocas, a influência direta da música popular brasileira, como o Clube da Esquina. “O rock progressivo é um estilo muito estereotipado, todo o mundo vê como algo muito virtuoso, uma coisa só para intelectuais. Mas nossas músicas têm refrãos”, adverte o baixista Miguima, 16.

“Trazemos a postura [do rock progressivo] de volta, mas ouvimos de Emerson Lake & Palmer a Clube da Esquina, Beyoncé a Justin Timberlake. Juntamos tudo isso na nossa música para levar ao povo esses elementos comerciais. Abrangemos um público maior do que só esse público fechado que gosta de rock progressivo”, completa.

Formada por estudantes, a banda costuma tocar em saraus em escolas, para um público da mesma faixa etária. Eles garantem que os amigos já sabem cantar as suas músicas de cor. “Também pensávamos que seria uma música estigmatizada, mas estamos vendo que não. Temos um retorno do público”, explica o guitarrista Lucas, 18.

Com músicas que ultrapassam seis minutos de duração, a banda acha que o progressivo está definitivamente de volta. E popular. “Em parte, é uma inovação. A gente vê outros movimentos, de jovens, voltando para essa época progressiva. É um momento de mais liberdade. Não sei o que houve, mas sinto que eles se orgulham da gente por tocar uma música diferente. Sem fugir do comercial”, defende o músico.

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