“Cinema não pode ser só dinheiro”, diz diretor de “Os Pobres Diabos”
Imbróglios e críticas à parte, a tradicional veia política do Festival de Brasília se mantém firme. A quantidade e a qualidade das discussões sobre o cinema brasileiro foram pontos altos da edição deste ano, e uma amostra disso foi o debate acalorado com o elenco e o diretor de “Os Pobre Diabos” durante o evento que terminou nesta terça-feira (24). O longa venceu a categoria de Júri Popular e o Prêmio TV Brasil – acumulando R$ 80 mil e passando a integrar a programação do canal.
Apesar da ausência de críticas ao festival, o diretor Rosemberg Cariry ressaltou de maneira emocionada, sua preocupação com o momento atual do cinema brasileiro, que, segundo ele, atravessa uma fase gravíssima de invisibilidade. “Mais de 90% dos cineastas são exilados em seu próprio país. Cinema não pode ser só dinheiro”, afirmou. “São produzidos cerca de 150 filmes por ano, pouco mais de 20 conseguem chegar ao mercado, e a maioria com lançamentos precários.
Outro nó apontado pelo diretor foi a questão do público. Segundo o cineasta, impera um modelo de ‘shopping center’ que atende à classe media alta. “Isso termina impondo uma ditadura do gosto”, reclamou. “Maioria de produtores que fazem cinema mais comercial termina se adaptando para atender a esse gosto, todos os recursos do audiovisual são usados para financiar um público de 2%, que assiste ao cinema brasileiro”, disse.
O cineasta questionou o julgamento de valor do ponto de vista comercial, em detrimento ao capital simbólico da produção cinematográfica. “O que rendeu o filme ‘Vidas Secas’, em termos financeiros? E o que ele representou para o cinema nacional? Temos que pensar: que mercado é esse do cinema brasileiro?”
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