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Espírito Santo - 26 de dezembro de 2013

Linhares já contabiliza mais de 400 desabrigados

 

A chuva das últimas semanas causou grandes estragos em todo o Espírito Santo. Em Linhares, a intensidade da destruição já superou a famosa enchente de 1979. O prejuízo estimado pode superar os R$ 20 milhões. O cenário em áreas como Santo Hilário, São Rafael, Humaitá, Palmas, Bagueira, Don Orione, Chapadão das Palminhas, Japira, todas no interior de Linhares, e também em Povoação, Regência, Brejo Grande e Degredo, na região litorânea, é de destruição total. Várias pontes foram destruídas, estradas foram levadas pelas águas, há queda de barreiras, pastos inteiros estão alagados, muitos imóveis foram condenados, lavouras inteiras foram perdidas e muito gado morreu afogado.

Ao todo, já foram resgatados 436 desabrigados, o que equivale a cerca de 115 famílias. Só no ginásio poliesportivo “Leandro Arpini”, no bairro Conceição, são 182 pessoas desabrigadas.  Seu José Francisco, diarista de 43 anos, teve que trazer toda a família de 12 pessoas para a quadra do Conceição.

“Sou morador do Olaria e desde sábado, 14, via que o rio estava enchendo. Na segunda-feira, 16, estava almoçando e percebemos a água subir rápido. Quando foi de tarde a água já estava tomando tudo dentro de casa. Das outras vezes vinha mais devagar. Desta vez veio do nada. De todas as vezes que precisei de ajuda por causa da chuva nunca foi tão organizado como agora. Até água mineral trouxeram pra nós”, afirma.

 Rosiane Sarmento Diogo, auxiliar de serviços gerais, de 35 anos, mora no Interlagos e também teve que deixar sua casa e ir para a quadra.

 “Moro no Interlagos 2 e a lagoa subiu muito. Perdi tudo! Só trouxe uma sacolinha de roupa. Vim pra cá com as minhas três filhas pequenas. Estou vivendo de doações. Estava trabalhando quando me ligaram pra falar que a casa estava sendo inundada. Temos que orar a Deus para que isso passe. Graças a Ele, ao menos estou sendo bem atendida por aqui, enquanto as coisas não melhoram”, conta emocionada.

O ginásio poliesportivo “Idemar Unêda”, no bairro Shell, já recebeu 254 pessoas desabrigadas. Cristiane Gomes dos Santos, de 31 anos, foi levada para a quadra logo depois de ser resgatada de barco na zona rural na noite do dia 25. “A fazenda começou a encher de água. Éramos em cinco crianças e dois adultos e ficamos 15 dias presos lá. Deu pra aguentar por que ainda tinha comida”, conta.

Alcinete Alves dos Passos, 32 anos, que também está na quadra do Shell, foi resgatada com os filhos de helicóptero. “Sou moradora do Areal, mas estava numa fazenda. Ficamos ilhados nesse lugar por duas semanas. Não dava pra pedir ajuda, tivemos que esperar. Tenho quatro filhos pequenos e trouxe todos pra cá”, afirma.

Também há moradores que preferiram não sair de suas casas mesmo com a enchente. É o caso de seu Adão Francisco Gonçalves, aposentado de 62 anos, morador do bairro Olaria, fortemente atingido pela cheia do Rio Doce. “Preferimos não sair do bairro. Ficamos no terraço de casa. Muita gente lá está sem roupa e alimentos, por isso vim aqui no Shell buscar doações. Já vi várias enchentes, mas a mais ‘brava’ foi essa”, diz.

Desde o início do temporal, a prefeitura montou uma Força Tarefa, incluindo secretários, servidores municipais, empresários e representantes de concessionárias que prestam serviço à administração pública para minimizar o impacto causado pelas águas. Dulciania Batista Pedroni, coordenadora do CREAS, é um exemplo de servidora a serviço do trabalho de ajuda às vítimas da chuva.

 “Na sexta-feira (20) trabalhei no ginásio do Conceição e agora eu estou aqui, no do Shell. É muito doído a gente ver o que aconteceu, não só aqui em Linhares mas em todas as regiões do Espírito Santo. Não me lembro muito bem da enchente de 79, mas pelo que falaram, esse ano está sendo pior. Acredito que não tenha sido um Natal agradável para nenhum de nós”, diz Dulciania.

Todos os desabrigados estão sendo assistidos por uma equipe médica de plantão. Médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e assistentes sociais fazem um trabalho de triagem e podem encaminhar casos mais graves para o Hospital Geral de Linhares (HGL), se necessário. O trabalho segue voltado a evitar doenças como leptospirose, diarreia, cólera e hepatites.

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