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Bahia - 24 de dezembro de 2013

Extremo Sul da BA: celulose, financiamento de campanhas políticas e carta branca para atrocidades.

 

Não é de hoje que as empresas de papel e celulose, que tem como matéria prima as florestas de silvicultura (plantios de eucalipto) no extremo Sul da Bahia, Norte do Espírito Santo e agora também no Nordeste Mineiro vêm sofrendo uma série de denuncias e processos na justiça. Ora por irresponsabilidades sociais, ora por descumprimento da legislação ambiental. Sofrer talvez não fosse à palavra mais adequada, visto que também não é de hoje que a impunidade vem ficando cada vez mais escancarada e sempre jogando no time dessas multinacionais do papel e celulose.

Os mecanismos para se manterem invisíveis mesmo com os monstruosos “rastros de sujeira” por elas deixados não custam barato, na verdade custam muito caro. Mas Pra que se preocuparem quando podem ter um, dois ou vários políticos trabalhando para que essas empresas nunca paguem pelos seus erros? E é financiando milionárias campanhas políticas por todo o Brasil, que tanto a Fibria quanto a Suzano papel e celulose mantém os seus crescentes índices de lucros, nunca tem as denuncias dos seus crimes comprovadas e nos últimos 10 anos figuram entre as 25 empresas que mais doaram para campanhas políticas no país.397570_157587344390179_28426465_n

Um levantamento feito junto ao TSE (tribunal Superior Eleitoral) mostrou as empresas que mais contribuíram para campanhas políticas de 2002 a 2012. Em dez anos a Fíbria (até então Aracruz celulose) e a Suzano papel e celulose juntas investiram quase R$ 55.000.000,00 (cinquenta e cinco milhões) em campanhas de políticos em todo Brasil, inclusive na Bahia, com R$ 27.4 milhões e R$ 27.5 milhões respectivamente. É Investindo em políticos mapeados e escolhidos a dedo de vários partidos e de todos os cargos eletivos para que estes se tornem embaixadores dos doadores da gestão pública que a Fíbria e a Suzano papel e celulose vem mostrando a força do capital privado para colocar no poder pessoas que agem a seus serviços.

É legítimo que empresas façam doações a campanhas políticas, desde que devidamente declarado e de forma transparente, assim como é lícito que políticos usem desses artifícios financeiros para mobilizarem as suas campanhas. O problema é quando interesses particulares superam o interesse público. Por exemplo: quando no período da duplicação da Suzano papel e celulose unidade mucuri, onde os vereadores reduziram o seu ISS de 5% para 2% durante o período de execução das obras, ou quando em 14 de maio deste ano a ANA (agencia nacional de águas) afirmou que a Suzano vem desde 2010 descartando de forma criminosa seus efluentes nas águas do Rio Mucuri e a atual câmara de vereadores se quer protocolou uma ação na justiça.

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Políticos conhecidos, figurinhas carimbadas na região como os deputados Ronaldo Carletto, Jutahy Magalhães, Fábio Souto, Sandro Régis e o ex-governador e pré-candidato ao palácio de Ondina e 2014 Paulo Souto, são nomes que sempre tiveram suas campanhas financiadas pela Fibria e pela Suzano Papel e Celulose na Bahia. Empresas que vem transformando essa região em um verdadeiro campo de concentração e promovendo uma grande segregação socioeconômica das comunidades que vivem ilhadas pelos seus plantios de eucaliptos. Com centenas de pais desempregados e sem terem como prover se quer o alimento para suas famílias.

São dezenas de projetos sociais abandonados e outros tantos prometidos, e o que se enxerga é um deserto verde, terra rica de gente pobre. 2014 se aproxima com ele um longo período de campanhas políticas, políticos e muita caminhada pela região feita com financiamento das empresas de papel e celulose, políticos que irão se eleger com dinheiro de projetos sociais desativados ou de faixada, o mesmo dinheiro que promove a miséria do povo que os irá eleger.

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